
Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 3.2 – Civilização Maia: ciência, religião e arquitetura – Astronomia, calendário e cidades-estado
Como fazer referência ao conteúdo:
Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 3.2 – Civilização Maia: ciência, religião e arquitetura – Astronomia, calendário e cidades-estado
Quando falamos da civilização maia, estamos nos referindo a uma das culturas mais impressionantes e sofisticadas de toda a América pré-colombiana. Os maias viveram principalmente na região da Mesoamérica, que corresponde hoje ao sul do México, à Guatemala, a partes de Honduras, Belize e El Salvador. Seu desenvolvimento foi longo e passou por diferentes fases, mas o que chama mais atenção é o altíssimo nível de conhecimento que eles alcançaram em áreas como a ciência, a astronomia, a matemática, a arquitetura e a religião.
Para entender os maias, é preciso imaginar uma sociedade profundamente conectada à natureza e ao cosmos. Eles observavam o céu com uma dedicação impressionante, acreditando que os movimentos dos astros influenciavam diretamente a vida das pessoas, as colheitas, as guerras e até a vontade dos deuses. Dessa forma, ciência e religião não eram separadas como costumamos pensar hoje. Para os maias, observar o movimento do sol, da lua e das estrelas era, ao mesmo tempo, um ato científico e um ato religioso.
Astronomia e calendário maia
Um dos maiores legados dessa civilização está na astronomia. Os maias construíram observatórios para acompanhar os ciclos celestes com extrema precisão. Eles conseguiam prever eclipses solares e lunares, calcular os solstícios e equinócios e estabelecer relações entre o movimento dos planetas e os acontecimentos terrenos. O nível de exatidão dos cálculos maias surpreende até os cientistas atuais, que reconhecem sua habilidade em medir o tempo com enorme precisão, mesmo sem o uso de instrumentos modernos.
A partir dessas observações, os maias criaram diferentes calendários. O mais conhecido é o chamado calendário solar, chamado Haab, que tinha trezentos e sessenta e cinco dias, dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias extras considerados dias de azar, nos quais as pessoas acreditavam que era melhor não realizar nenhuma atividade importante. Além desse, existia o calendário ritual, chamado Tzolk’in, composto por duzentos e sessenta dias. Esse calendário era usado para fins religiosos e espirituais, orientando as cerimônias, os rituais e até decisões políticas.
Os dois calendários funcionavam em conjunto, como engrenagens que se completavam. Essa combinação formava um ciclo de cinquenta e dois anos, que era considerado pelos maias um grande período sagrado. Além deles, também existia a chamada contagem longa, que permitia registrar períodos de tempo muito maiores, chegando a milhares de anos. Essa forma de contar o tempo mostra como os maias possuíam uma concepção ampla e cíclica da história, acreditando que o mundo passava por eras que se repetiam.
Religião e visão de mundo
A religião dos maias era politeísta, ou seja, baseada na crença em vários deuses. Cada divindade estava relacionada a aspectos da natureza e da vida cotidiana. O deus do sol, o deus da chuva, o deus do milho e o deus da morte tinham papéis fundamentais, pois estavam ligados à sobrevivência e à fertilidade da terra. Entre eles, o milho tinha um lugar especial, já que era o alimento básico da dieta maia e também fazia parte da sua mitologia, pois acreditavam que os primeiros homens haviam sido criados a partir da massa do milho.
Os rituais religiosos eram extremamente importantes e envolviam oferendas, orações e até sacrifícios humanos, que tinham como objetivo manter o equilíbrio entre os deuses e os homens. Para os maias, o sangue era um elemento sagrado e oferecê-lo significava alimentar os deuses para que eles continuassem garantindo a ordem do mundo. Essas práticas, que hoje podem parecer chocantes, faziam parte da lógica cultural e espiritual daquela época.
Além disso, os maias acreditavam na existência de diferentes planos de existência. Para eles, o mundo dos vivos estava interligado ao mundo dos mortos e ao mundo dos deuses. Os rituais, as pirâmides e os templos eram construídos justamente para facilitar essa conexão entre os três planos.
Arquitetura e cidades-estado
Outro aspecto fascinante da civilização maia é sua arquitetura. As cidades maias eram verdadeiras obras de engenharia, erguidas em meio a florestas tropicais e montanhas. Diferente de outros impérios, como o romano, os maias não formaram um único Estado centralizado. Eles viviam em cidades-estado independentes, cada uma com seu próprio governante, seu próprio centro cerimonial e sua própria identidade. Entre as cidades mais famosas, podemos citar Tikal, Palenque, Copán e Chichén Itzá.
Cada cidade possuía praças, palácios, campos de jogo de bola, templos e pirâmides escalonadas. Essas pirâmides, construídas em degraus, eram utilizadas principalmente para rituais religiosos, servindo como verdadeiros altares gigantescos que aproximavam os sacerdotes do céu. O Templo de Kukulcán, em Chichén Itzá, é um exemplo impressionante. Essa pirâmide foi projetada de maneira tão precisa que, durante os equinócios, a sombra projetada pelo sol cria a ilusão de uma serpente descendo pelas escadarias, representando o deus-serpente emplumada.
A arquitetura maia também incluía sistemas de canais, reservatórios e aquedutos que garantiam o abastecimento de água, uma necessidade vital em regiões com longos períodos de seca. O planejamento urbano era sofisticado e refletia a preocupação com a vida coletiva, a religião e a organização política.
Ciência e matemática
Além da astronomia, os maias também se destacaram na matemática. Eles criaram um sistema numérico vigesimal, ou seja, baseado no número vinte, diferente do nosso, que é decimal e baseado no número dez. Uma das grandes inovações maias foi o uso do zero, um conceito matemático que poucas civilizações antigas conseguiram desenvolver. Esse sistema permitiu cálculos muito complexos, fundamentais para suas previsões astronômicas e para a elaboração dos calendários.
Essa combinação de matemática e astronomia mostra como o pensamento científico dos maias estava avançado, mesmo que estivesse sempre integrado à sua visão religiosa. O céu não era apenas observado por curiosidade, mas porque cada movimento dos astros tinha um sentido espiritual e prático para a vida das comunidades.
Ensinamentos deixados pela civilização maia
Mesmo após o declínio das cidades-estado dos maias, muitos de seus conhecimentos continuaram vivos e foram transmitidos a outros povos da região. As ruínas deixadas por eles, seus calendários, suas pirâmides e sua escrita hieroglífica ainda hoje despertam admiração e fascínio. Sua capacidade de unir ciência, religião e arquitetura de forma tão harmoniosa mostra como a humanidade é capaz de criar culturas complexas e sofisticadas.
Resumindo tudo que estudamos sobre os maias, percebemos que eles foram observadores atentos do universo, construtores engenhosos e pensadores profundos que buscaram compreender o lugar do ser humano no mundo. A ciência, a religião e a arquitetura estavam entrelaçadas, formando um todo inseparável que revela a riqueza de sua cultura e o quanto ela contribuiu para a história da humanidade.
E é isso pessoal. Fiquem com Deus e até a próxima aula!