
Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 3.5 – Outros povos pré-colombianos: povos andinos, amazônicos e norte-americanos
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Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 3.5 – Outros povos pré-colombianos: povos andinos, amazônicos e norte-americanos
Antes da chegada dos europeus à América, o continente já era habitado por uma imensa diversidade de povos. Cada um deles, adaptado ao seu ambiente, desenvolveu modos de vida, tradições culturais e formas de organização social próprias. Quando falamos de povos pré-colombianos, estamos nos referindo a todos aqueles que viveram aqui antes da chegada de Cristóvão Colombo no final do século quinze. E, dentro desse vasto conjunto, destacam-se três grandes grupos que vamos explorar nesta aula: os povos andinos, que ocuparam as cordilheiras do oeste da América do Sul; os povos amazônicos, que viveram na floresta tropical mais extensa do planeta; e os povos norte-americanos, espalhados por planícies, desertos, florestas e regiões áridas.
Povos Andinos
Os povos andinos ocupavam uma região marcada por desafios extremos. A Cordilheira dos Andes é uma das maiores cadeias de montanhas do mundo, com altitudes elevadíssimas, vales profundos e climas variados que vão do frio rigoroso das montanhas até áreas mais temperadas em altitudes médias. Sobreviver ali exigiu dos povos muita criatividade e capacidade de adaptação. Eles criaram os terraços agrícolas, verdadeiras escadarias de pedra nas encostas, que permitiam o cultivo de batata, milho e quinoa. Também domesticaram lhamas e alpacas, que forneciam lã para roupas e eram usadas como animais de carga.
Mas além da habilidade agrícola e arquitetônica, os andinos tinham uma rica espiritualidade. As montanhas, chamadas de apus, eram consideradas entidades sagradas, protetoras das aldeias. O sol e a lua eram deuses fundamentais para o equilíbrio da vida, e os rituais buscavam garantir boas colheitas e a proteção contra desastres naturais.
Muito antes dos incas, outros povos já haviam florescido nos Andes. Entre eles podemos citar os Chavín, que construíram centros cerimoniais e deixaram importantes marcas religiosas, e os Mochica, que desenvolveram uma rica produção de cerâmica com representações de rituais, guerreiros e até cenas do cotidiano, e também de avançados sistemas de irrigação. Mais tarde, os Nazca ficaram famosos pelas enigmáticas linhas do deserto, enormes figuras de animais e formas geométricas que só podem ser vistas em sua totalidade do alto. Para eles, essas figuras tinham significado religioso e mágico, possivelmente servindo como oferendas aos deuses da água e da fertilidade, já que viviam em uma região árida. Até hoje esses geoglifos intrigam arqueólogos.
Os mitos também eram fundamentais. Em muitas lendas, a chuva era vista como uma dádiva enviada pelos deuses, e as cerimônias com oferendas incluíam alimentos, tecidos e animais sacrificados. Em alguns casos, acredita-se que até sacrifícios humanos tenham sido realizados para agradar divindades ligadas à fertilidade da terra.
Todos esses povos contribuíram para a construção cultural que mais tarde seria aproveitada pelos incas. O que unia os povos andinos era a engenhosidade em lidar com a geografia. Eles cultivavam em terraços, utilizavam canais de irrigação, domesticavam lhamas e alpacas para transporte e lã, e tinham sistemas de armazenamento de alimentos para enfrentar períodos de escassez. Além disso, suas crenças religiosas estavam sempre ligadas à natureza: a montanha, o sol, a lua e a terra eram sagrados e determinavam a vida em comunidade.
Povos Amazônicos
Se os Andes exigiam vencer o frio e a altitude, a Amazônia apresentava um desafio oposto: um ambiente quente, úmido, com rios imensos e uma biodiversidade abundante. A floresta amazônica, com seu tamanho colossal, era o lar de milhares de povos que desenvolveram formas de viver em harmonia com a natureza.
Diferente dos andinos, os povos amazônicos não construíram grandes cidades em pedra. Sua organização era mais dispersa, em aldeias que costumavam ser circulares, com grandes casas coletivas chamadas malocas, e que abrigavam várias famílias; eram localizadas às margens dos rios, que eram a principal fonte de transporte, alimento e comunicação. A base da alimentação era a pesca, a caça e a coleta de frutas como açaí, castanha e cupuaçu. Mas também praticavam a agricultura, cultivando mandioca, milho e batata-doce, alimentos que até hoje fazem parte da base alimentar de muitos povos da região.
Uma característica marcante era a grande diversidade cultural e linguística. Cada grupo possuía seus próprios mitos, rituais e tradições. Os povos amazônicos tinham uma relação muito estreita com a floresta, que não era vista apenas como um espaço físico, mas como um mundo espiritual habitado por forças e seres sagrados, pois os povos amazônicos acreditavam que a floresta era habitada por seres encantados, como o curupira, guardião das matas que protegia os animais da caça excessiva, e a mãe-d’água, ligada aos rios e lagos.
As tradições eram transmitidas pela oralidade, em forma de mitos, lendas e cantos, e os seus rituais eram conduzidos por líderes espirituais, conhecidos como xamãs, que utilizavam cantos, danças e até plantas medicinais para se comunicar com os espíritos e curar doenças. A arte também se destacava: a cerâmica era uma produção importante, usada tanto no cotidiano quanto em urnas funerárias decoradas com desenhos geométricos, vasos e colares feitos de sementes e ossos. Os povos amazônicos dominavam técnicas de modelagem e pintura, deixando peças que até hoje impressionam arqueólogos.
Um exemplo são os rituais de iniciação, que marcavam a passagem da infância para a vida adulta. Nessas cerimônias, jovens recebiam pinturas corporais, aprendiam histórias de seus antepassados e eram testados em habilidades como caça e pesca.
Povos Norte-Americanos
No vasto território que hoje corresponde à América do Norte, a diversidade de povos era igualmente impressionante. O continente reunia regiões muito diferentes: grandes planícies, desertos, florestas densas, montanhas nevadas e até áreas de clima árido. Cada ambiente deu origem a modos de vida específicos.
Nas Grandes Planícies, por exemplo, onde viviam povos como os sioux e os cheyenne, a vida girava em torno dos imensos rebanhos de bisões, que forneciam carne para alimentação, peles para roupas e ossos para ferramentas. Sua vida era marcada pelo nomadismo, com tendas feitas de madeira e couro, chamadas tipis, que podiam ser facilmente transportadas de um lugar a outro.
Para eles, o bisão era tratado como recurso econômico, e também como ser sagrado. Em seus rituais, danças e cantos, eles agradeciam aos espíritos da natureza pela vida dos animais caçados. Um exemplo é a Dança do Sol, cerimônia espiritual que envolvia jejuns, danças e, em alguns casos, rituais de sacrifício corporal para fortalecer a conexão com o divino.
Já no sudoeste árido, povos como os anasazi construíram vilas de pedra e barro chamadas pueblos, construídas em encostas rochosas e penhascos. Essas aldeias tinham várias casas interligadas, que podiam abrigar centenas de pessoas, como verdadeiros condomínios coletivos, e demonstravam uma impressionante capacidade de adaptação ao ambiente seco. Sua religiosidade estava ligada às forças da natureza e à fertilidade das plantações de milho, feijão e abóbora.
Nas florestas do nordeste, grupos como os iroqueses criaram uma confederações poderosas, praticaram agricultura e estabeleceram sistemas de governo baseados em decisões coletivas, no consenso e no diálogo. A política era conduzida em assembleias, e as mulheres tinham papel de destaque, escolhendo os chefes e garantindo a organização da comunidade. Para eles, a Mãe Terra era uma entidade viva, e muitos mitos narravam sua criação como um ato de equilíbrio entre céu e terra. Essa organização política, inclusive, impressionaria muito os colonizadores europeus no futuro.
Cada um desses povos tinha suas próprias crenças religiosas, mas todos compartilhavam uma forte ligação espiritual com a natureza. O sol, a lua, os rios, os animais e as estações do ano eram vistos como forças divinas, e as cerimônias religiosas eram acompanhadas por danças, pinturas corporais e instrumentos musicais. Cada festa tinha um significado: agradecer pela colheita, pedir proteção para a caça ou celebrar a chegada de um novo ciclo, buscando manter a harmonia entre os seres humanos e o ambiente.
Semelhanças e Diferenças
Apesar da grande diversidade entre povos andinos, amazônicos e norte-americanos, é possível encontrar semelhanças. Todos eles desenvolveram modos de vida profundamente ligados ao ambiente em que viviam. A agricultura, ainda que em diferentes graus de complexidade, estava presente. O respeito à natureza e às forças espirituais era comum a todos.
As diferenças, por sua vez, ficam evidentes nas formas de organização. Enquanto os andinos desenvolveram grandes centros urbanos e complexas obras de engenharia, os povos amazônicos viviam em comunidades menores e mais dispersas. Já os norte-americanos combinavam diferentes modos de vida, que variavam do nomadismo caçador ao sedentarismo agrícola em aldeias fortificadas.
Conclusão
Para fazer um breve resumo de fixação sobre o que acabamos de estudar: Na aula de hoje nós vimos que, mesmo antes da chegada dos europeus, os povos pré-colombianos transformaram a América em um continente cheio de vida, cultura e diversidade. Cada povo, à sua maneira, construiu formas de viver e interpretar o mundo, deixando marcas que ainda hoje fazem parte da nossa história.
Os povos andinos nos deixaram técnicas de cultivo em áreas montanhosas. Os povos amazônicos mostraram como viver em equilíbrio com a floresta. Os povos norte-americanos revelaram sistemas políticos e sociais inovadores.