
Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 1.5 – O surgimento da vida e a evolução dos seres vivos – Teoria evolucionista e a seleção natural
Como fazer referência ao conteúdo:
Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 1.5 – O surgimento da vida e a evolução dos seres vivos – Teoria evolucionista e a seleção natural
Vamos imaginar, por um instante, a Terra de bilhões de anos atrás. Não havia árvores, rios cristalinos, animais ou seres humanos. O planeta era um lugar muito diferente, formado por rochas incandescentes, gases e mares primitivos. Com o passar de um tempo inimaginável, repleto de mudanças e transformações, algo extraordinário aconteceu: a vida surgiu. Mas como a ciência explica esse processo tão complexo e fascinante? É sobre isso que vamos conversar hoje, explorando o surgimento da vida, a teoria evolucionista e o mecanismo que explica como as espécies mudam ao longo do tempo, conhecido como seleção natural.
Para começar, é importante entender que a origem da vida não foi um acontecimento simples ou rápido. A Terra se formou há cerca de quatro bilhões e seiscentos milhões de anos, e acredita-se que a vida tenha surgido aproximadamente um bilhão de anos depois, quando as condições do planeta se tornaram mais favoráveis. Naquela época, os mares eram ricos em substâncias químicas como carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, e havia intensa atividade vulcânica, tempestades e descargas elétricas. Esses elementos e condições teriam criado um ambiente propício para a formação das primeiras moléculas orgânicas, essenciais para a vida.
Os cientistas explicam que, a partir dessas moléculas, surgiram estruturas cada vez mais complexas, capazes de se replicar e de interagir com o ambiente. Com o tempo, essas estruturas deram origem aos primeiros organismos vivos, que eram extremamente simples, semelhantes a bactérias. Esse processo é conhecido como abiogênese, que significa a formação da vida a partir de matéria não viva, por meio de reações químicas naturais. Não foi algo que aconteceu de um dia para o outro, mas sim ao longo de milhões de anos, com inúmeras mudanças e adaptações.
Mas a vida não permaneceu sempre igual. Ao contrário, ela se transformou profundamente ao longo das eras. É aqui que entra a teoria evolucionista, uma das explicações científicas mais importantes para compreendermos a diversidade de seres vivos que existe hoje. Essa teoria foi desenvolvida no século dezenove pelo naturalista inglês Charles Darwin, após anos de observações e estudos sobre plantas, animais e fósseis. Darwin percebeu que as espécies não são fixas, mas mudam ao longo do tempo, dando origem a novas formas de vida enquanto outras desaparecem.
Segundo a teoria da evolução, todos os seres vivos têm ancestrais em comum, o que significa que, se voltarmos no tempo, encontraremos espécies que deram origem a outras, em uma gigantesca árvore da vida. Essas mudanças, que acontecem ao longo de milhares ou milhões de anos, não ocorrem de forma planejada, mas sim como resultado de um processo natural. E o principal mecanismo que impulsiona esse processo é a seleção natural.
A seleção natural funciona de maneira bastante simples, mas extremamente poderosa. Em qualquer espécie, seja de plantas, animais ou mesmo de microrganismos, existem pequenas diferenças entre os indivíduos. Essas diferenças podem estar relacionadas ao tamanho, à cor, à resistência a doenças ou à capacidade de encontrar alimento. Em ambientes naturais, alguns indivíduos possuem características que os ajudam a sobreviver melhor e a se reproduzir mais do que outros. Com o passar das gerações, essas características vantajosas tendem a se tornar mais comuns na população, enquanto as menos adaptadas desaparecem.
Um exemplo clássico para entender esse processo é o das mariposas na Inglaterra, durante a Revolução Industrial. Antes das fábricas, a maioria das mariposas era clara, o que as ajudava a se camuflar nos troncos cobertos de líquens. Mas com a poluição, os troncos escureceram e as mariposas escuras passaram a ter mais chances de sobreviver, pois ficavam menos visíveis para os predadores. Assim, ao longo do tempo, o número de mariposas escuras aumentou, mostrando como o ambiente influencia a seleção das características mais favoráveis.
A seleção natural também explica por que algumas espécies desaparecem. Se o ambiente muda e os seres vivos não conseguem se adaptar, eles podem ser extintos. Foi o que aconteceu com inúmeras espécies ao longo da história da Terra, incluindo os famosos dinossauros, que desapareceram há cerca de sessenta e cinco milhões de anos.
A teoria da evolução e a seleção natural são fundamentais para entendermos não apenas o passado da vida no planeta, mas também o presente. Elas nos mostram que todos os seres vivos, incluindo nós, seres humanos, estamos em constante mudança, ainda que essas transformações sejam lentas e difíceis de perceber em uma vida humana.
E quando falamos de seres humanos, é interessante lembrar que também fazemos parte dessa longa história evolutiva. Nossa espécie, o Homo sapiens, surgiu na África há centenas de milhares de anos e se espalhou pelo planeta, adaptando-se aos mais diferentes ambientes. Ao longo dessa jornada, desenvolvemos habilidades físicas e mentais que nos permitiram criar ferramentas, dominar o fogo, cultivar alimentos e construir sociedades complexas.
Ao estudar o surgimento da vida e a evolução dos seres vivos, uma das maiores ferramentas de que dispomos são os fósseis. Mas o que exatamente são fósseis? Fósseis são restos ou vestígios de organismos que viveram no passado e que ficaram preservados nas rochas ao longo de milhões de anos. Eles podem ser ossos, dentes, conchas, folhas, troncos petrificados ou até mesmo pegadas e marcas deixadas no solo. Esses registros naturais são como páginas de um imenso livro que conta a história da vida na Terra, ajudando os cientistas a compreender quais espécies existiram, como viviam e como se transformaram com o passar do tempo.
Os fósseis também nos ajudam a identificar as grandes divisões do tempo geológico. A história da Terra é organizada em diferentes intervalos chamados de eras geológicas. Cada era é marcada por eventos importantes, como o surgimento de novos grupos de seres vivos ou extinções em massa.
A primeira dessas grandes divisões é a chamada era Pré-Cambriana, que ocupa a maior parte da história do planeta. Foi nela que surgiram as primeiras formas de vida, organismos microscópicos que viviam nos mares primitivos. Depois veio a era Paleozoica, quando a vida explodiu em diversidade, surgindo os primeiros animais com partes duras, como conchas e esqueletos, além das primeiras plantas terrestres e dos insetos.
Em seguida, encontramos a era Mesozoica, também conhecida como a era dos dinossauros. Foi nesse período que esses gigantes dominaram os continentes, enquanto os mares eram habitados por grandes répteis marinhos e os céus, por enormes répteis voadores. As plantas com flores começaram a aparecer, mudando para sempre o equilíbrio dos ecossistemas. Essa era terminou de forma dramática, com uma extinção em massa que eliminou os dinossauros não-aviários e abriu espaço para o crescimento de outros grupos.
Por fim, temos a era Cenozoica, a era dos mamíferos, na qual vivemos atualmente. Nesse período, os mamíferos se diversificaram, surgiram as aves modernas, e, muito mais tarde, apareceram os primeiros hominídeos, que dariam origem ao ser humano.
O estudo das eras geológicas nos ajuda a compreender que a evolução não acontece de forma linear e tranquila, mas é marcada por momentos de expansão e momentos de crise, quando muitas espécies desaparecem e outras se adaptam para ocupar os espaços vagos.
Um exemplo de como podemos comparar espécies antigas com as atuais é observar animais que possuem características muito semelhantes às de seus ancestrais fósseis. O celacanto, por exemplo, é um peixe que se acreditava extinto há milhões de anos, mas foi encontrado vivo no século vinte. Ele é considerado um verdadeiro fóssil vivo, pois preserva traços muito antigos, parecidos com os dos primeiros vertebrados que começaram a conquistar a terra firme.
Outro exemplo fascinante é o das aves. Hoje, sabemos que elas são descendentes diretas de certos dinossauros terópodes. As semelhanças na estrutura óssea, no formato dos membros e até na presença de penas em alguns fósseis mostram que, apesar da extinção dos grandes répteis, parte de sua linhagem sobreviveu e ainda voa sobre nossas cabeças.
Essas descobertas reforçam a ideia de que a evolução é um processo contínuo, e que as espécies de hoje são o resultado de milhões de anos de mudanças e adaptações. Elas também mostram que nada na natureza está completamente pronto ou acabado; tudo está sempre em transformação.
Ao entender como a vida se transformou ao longo das eras, passamos a perceber que a diversidade que vemos hoje é fruto de uma longa história de interações entre organismos e ambiente. Isso nos lembra que cada espécie desempenha um papel no equilíbrio do planeta e que proteger a biodiversidade é também preservar o resultado de bilhões de anos de evolução. Portanto, quando olhamos para um fóssil em um museu ou para uma espécie rara em seu habitat natural, estamos, na verdade, olhando para capítulos diferentes de uma mesma história, a história da vida na Terra, uma história que ainda está sendo escrita e da qual nós também fazemos parte.