
Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 1.9 – Do nomadismo ao sedentarismo – Caçadores-coletores, domínio do fogo, agricultura e pecuária
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Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 1.9 – Do nomadismo ao sedentarismo – Caçadores-coletores, domínio do fogo, agricultura e pecuária
Vamos agora mergulhar em um dos capítulos mais transformadores de toda a história da humanidade: a transição do nomadismo para o sedentarismo, passando pela vida de caçadores-coletores, o domínio do fogo, o surgimento da agricultura e da pecuária.
No início da Pré-História, nossos antepassados viviam em constante movimento. Eram nômades, deslocando-se de um lugar para outro em busca de alimentos e recursos. Essa forma de vida estava profundamente ligada à natureza e às estações do ano. Os grupos humanos dependiam da caça de animais, da pesca e da coleta de frutos, raízes e sementes para sobreviver. Não havia plantações fixas nem criação de animais domesticados para consumo; por isso, quando o alimento se tornava escasso em determinada região, era necessário migrar para outra, muitas vezes percorrendo grandes distâncias.
A vida como caçadores-coletores exigia organização social e cooperação. As tarefas eram divididas entre os membros do grupo: alguns se dedicavam à caça e à pesca, outros à coleta de alimentos vegetais e à proteção do grupo. A mobilidade fazia com que as habitações fossem provisórias, construídas com materiais encontrados no ambiente, como galhos, folhas, peles de animais e ossos. Essa simplicidade era essencial para que pudessem se deslocar rapidamente sempre que necessário.
Um dos avanços mais significativos dessa época foi o domínio do fogo. Inicialmente, o fogo provavelmente era obtido a partir de fontes naturais, como raios que incendiavam árvores ou erupções vulcânicas. Com o tempo, os seres humanos aprenderam a produzi-lo por fricção ou percussão de pedras. O fogo trouxe mudanças profundas: permitiu cozinhar os alimentos, tornando-os mais fáceis de mastigar e digerir; serviu para espantar animais perigosos; ajudou a aquecer as pessoas nas noites frias; e também proporcionou luz, estendendo o período de atividades além do pôr do sol. Além disso, o fogo foi fundamental para a sobrevivência em ambientes frios e para o preparo de ferramentas mais resistentes, como pontas endurecidas no calor.
Essa vida nômade, embora adaptada ao ambiente, também apresentava desafios. A instabilidade alimentar, a exposição a predadores e as condições climáticas adversas tornavam a sobrevivência uma tarefa difícil. No entanto, ao longo de milhares de anos, mudanças climáticas e descobertas graduais levaram a uma verdadeira revolução na forma de viver.
Por volta do período que chamamos de Neolítico, os seres humanos começaram a observar que algumas plantas cresciam novamente nos lugares onde caíam suas sementes. Essa observação levou ao desenvolvimento da agricultura. Inicialmente, as plantações eram simples e pequenas, mas representaram um passo gigantesco: em vez de depender exclusivamente da coleta de alimentos que a natureza oferecia, o ser humano passou a produzir seu próprio sustento.
A agricultura trouxe estabilidade alimentar e permitiu que os grupos permanecessem por mais tempo no mesmo local, dando início ao sedentarismo. Com campos cultivados e colheitas previsíveis, era possível armazenar excedentes para períodos de escassez. Essa mudança também possibilitou o aumento da população, pois havia mais alimento disponível e menos necessidade de deslocamentos constantes.
Paralelamente à agricultura, desenvolveu-se a pecuária, ou seja, a domesticação e criação de animais. Inicialmente, esses animais serviam como fonte de carne, leite, couro e ossos. Com o tempo, também passaram a ajudar nas tarefas do dia a dia, como o transporte de cargas e o arado da terra. A domesticação exigia paciência e técnicas para lidar com cada espécie, e essa relação entre humanos e animais transformou profundamente a economia e o modo de vida das comunidades.
Com o sedentarismo, surgiram as primeiras aldeias fixas. As habitações tornaram-se mais duradouras, feitas de madeira, pedra e argila. A convivência em comunidades maiores exigiu novas formas de organização social e cooperação. A especialização do trabalho começou a aparecer: enquanto alguns se dedicavam à agricultura ou à pecuária, outros fabricavam ferramentas, cerâmicas e tecidos. Essa diversificação contribuiu para o desenvolvimento cultural e tecnológico.
Essa transformação, conhecida como Revolução Neolítica, foi um divisor de águas na história humana. Ela não aconteceu de forma repentina, mas sim ao longo de milhares de anos, variando de acordo com a região. Em alguns lugares, a agricultura e a pecuária surgiram mais cedo; em outros, o nomadismo permaneceu como modo de vida por muito mais tempo.
A passagem do nomadismo ao sedentarismo foi, portanto, um processo gradual e complexo, que resultou da interação entre observação, experimentação, adaptação e necessidade. Esse processo moldou não apenas a economia, mas também a cultura, a sociedade e o ambiente ao redor, já que a agricultura e a criação de animais alteraram profundamente as paisagens naturais. Hoje, ao estudarmos essa transição, compreendemos que foi ela que lançou as bases para o surgimento das civilizações, das cidades e, consequentemente, de todo o mundo organizado que conhecemos. Do fogo que iluminava as noites das pequenas tribos às vastas plantações e rebanhos que sustentaram as primeiras aldeias, cada passo dessa jornada foi essencial para que a humanidade chegasse onde está.