
Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 2.1 – Paleolítico: a vida nas cavernas e a pedra lascada – Ferramentas, caça, coleta e arte rupestre
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Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 2.1 – Paleolítico: a vida nas cavernas e a pedra lascada – Ferramentas, caça, coleta e arte rupestre
Imagine-se em um mundo sem cidades, estradas ou tecnologia. Ao seu redor, a paisagem é formada por densas florestas, extensas planícies e rios de águas cristalinas. O ar é frio e, no horizonte, é possível ver grupos de animais gigantes como mamutes e rinocerontes-lanosos caminhando lentamente. Assim era o nosso planeta, há dezenas de milhares de anos; o mundo era dominado pela natureza, repleto de florestas, rios selvagens, animais enormes e perigosos, e onde os seres humanos viviam de forma totalmente diferente da que conhecemos hoje. Foi nesse cenário que nossos ancestrais viveram durante o Paleolítico, a fase mais longa da história humana, que durou centenas de milhares de anos.
A palavra Paleolítico significa literalmente “pedra antiga”, e recebeu esse nome porque o principal material utilizado para fabricar ferramentas era a pedra lascada. Nesse período, os seres humanos ainda não sabiam plantar nem criar animais para consumo. Eles eram caçadores-coletores, o que quer dizer que sobreviviam caçando animais, pescando e coletando frutos, raízes, sementes e mel. Os grupos humanos dessa época eram pequenos, compostos por famílias ou clãs que se deslocavam constantemente. Eram nômades, ou seja, mudavam constantemente de lugar em busca de alimentos, água, abrigo e de melhores condições para viver.
Não existiam plantações nem criações de animais domesticados, por isso a sobrevivência dependia da caça, da pesca e da coleta de frutas, raízes, ovos e sementes. Cada mudança de estação podia alterar a disponibilidade de recursos, e, por isso, conhecer profundamente a natureza era essencial. Quando a caça escasseava ou o clima se tornava desfavorável, era hora de seguir para outro território.
As moradias eram simples e temporárias. Muitas vezes, as pessoas se abrigavam em cavernas, aproveitando a proteção natural contra o frio, a chuva e os predadores. Em outros momentos, construíam abrigos improvisados com galhos, folhas e peles de animais. As cavernas, especialmente, se tornaram locais importantes não apenas para viver, mas também para se expressar artisticamente.
O grande marco do Paleolítico foi o desenvolvimento de ferramentas de pedra lascada. As ferramentas de pedra eram a base de todas as atividades. Ao lascar cuidadosamente blocos de sílex ou outros tipos de rocha dura, os artesãos da época criavam lâminas afiadas, raspadores e pontas para lanças. Lascar a pedra consistia em golpear uma pedra contra outra até obter uma lâmina cortante ou uma ponta afiada.
Um raspador, por exemplo, podia ser usado para retirar a gordura e os pelos das peles de animais, transformando-as em roupas que protegiam contra o frio intenso. As lanças ajudavam tanto na caça quanto na defesa contra predadores perigosos, como leões das cavernas e ursos gigantes. Com o tempo, esses instrumentos foram ficando cada vez mais sofisticados, também passaram a produzir instrumentos com ossos e madeira, adaptando-os para diferentes tarefas, mostrando que a inteligência e a criatividade já eram marcas da nossa espécie.
Outro avanço fundamental foi o domínio do fogo. No início, os grupos aproveitavam o fogo que surgia de forma natural, como em incêndios provocados por raios. Mais tarde, aprenderam a produzi-lo por fricção ou percussão. O fogo trouxe calor para enfrentar o frio, espantou animais perigosos, iluminou as noites e, talvez o mais importante, permitiu cozinhar os alimentos, tornando-os mais saborosos, fáceis de mastigar e de digerir.
Imagine a cena: ao cair da noite, o grupo se reúne em volta de uma fogueira. O calor aquece os corpos, a luz afasta os animais e a fumaça mantém os insetos longe. A comida assada sobre as chamas é mais saborosa e fácil de mastigar, e o fogo também serve para endurecer a ponta das lanças de madeira, tornando-as mais eficientes. Aprender a produzir e controlar o fogo foi uma das maiores conquistas do ser humano primitivo, mudando para sempre a forma como vivia.
No Paleolítico, também floresceu uma das primeiras formas de expressão cultural da humanidade: a arte rupestre. Em várias cavernas espalhadas pelo mundo, foram encontradas pinturas feitas com pigmentos feitos de argila colorida, carvão e minerais moídos, misturados com água, gordura ou saliva. Essas imagens retratam animais, cenas de caça, figuras humanas e símbolos misteriosos. Os estudiosos acreditam que essas pinturas podiam ter diferentes funções, como ensinar técnicas aos mais jovens, registrar acontecimentos importantes, servir como parte de rituais para atrair sucesso na caça ou até representar crenças espirituais e o início de uma visão simbólica do mundo.
Embora a arte tenha nascido através das pinturas de bisões, cervos, cavalos, mãos humanas e símbolos misteriosos nas paredes das cavernas, a vida dentro das cavernas era apenas parte da rotina. Em muitas regiões, o abrigo era improvisado com galhos e peles de animais, formando tendas simples. Em épocas de frio intenso, essas estruturas eram reforçadas e construídas próximas a fontes de água ou áreas ricas em caça.
A vida no Paleolítico exigia trabalho coletivo e muita colaboração. Os grupos eram formados por poucas pessoas, muitas vezes pertencentes à mesma família extensa. A sobrevivência dependia de dividir tarefas, compartilhar alimentos e proteger uns aos outros, enquanto alguns caçavam, outros cuidavam das crianças, preparavam os alimentos ou confeccionavam ferramentas e vestimentas.
As tarefas eram divididas de forma prática e adaptada às necessidades do grupo. A caça de grandes animais, por exemplo, exigia estratégia e trabalho em equipe. Um grupo podia se posicionar para espantar a presa em direção a caçadores escondidos ou a armadilhas naturais, como desfiladeiros. A coleta também demandava conhecimento: era preciso saber diferenciar plantas comestíveis das venenosas e conhecer a época certa para colher frutos. Essa convivência fortalecia laços sociais e transmitia conhecimentos de geração para geração, como as técnicas de caça, o uso de plantas medicinais e a localização de fontes de água.
Essa forma de vida moldou o corpo e a mente dos nossos antepassados. A necessidade de resolver problemas, criar estratégias e compartilhar experiências fortaleceu a capacidade de comunicação e a transmissão de conhecimentos. Aos poucos, a linguagem falada foi se desenvolvendo, permitindo coordenar caçadas, ensinar técnicas e contar histórias ao redor do fogo, histórias que, de alguma forma, ajudavam a manter a comunidade unida.
Assim, ao longo de milhares de anos, as habilidades humanas foram se aprimorando. As ferramentas se tornaram mais elaboradas, as estratégias de caça mais complexas e a organização social mais estruturada. Essas mudanças, somadas às descobertas do período, prepararam o caminho para transformações ainda maiores que aconteceriam no Neolítico, quando o ser humano deixaria de ser totalmente nômade para se tornar sedentário. Diante de que estudamos até agora, podemos dizer que o Paleolítico representa o início de tudo: um período de invenções, descobertas e expressões culturais, no momento em que os primeiros grupos humanos aprenderam a dominar a natureza, a criar instrumentos, a se expressar artisticamente e a viver em comunidade; conquistas que nos acompanharam até os dias atuais. Foi nesse período que começamos a construir a longa história da humanidade.