Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 4.4 – Reino de Axum (Aksum)
Como fazer referência ao conteúdo:
| Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 4.4 – Reino de Axum (Aksum)
O Reino de Axum, também conhecido como Aksum, floresceu na região que hoje corresponde principalmente à Etiópia e à Eritreia, no leste do continente africano. Essa localização privilegiada foi um dos maiores fatores que contribuíram para o desenvolvimento de uma das mais poderosas e influentes civilizações da África antiga. Situado nas terras altas próximas ao Mar Vermelho, Axum possuía um relevo montanhoso e fértil, ideal para a agricultura e a criação de animais, e ao mesmo tempo estava estrategicamente posicionado para controlar importantes rotas comerciais marítimas e terrestres.
O território axumita ficava entre duas regiões essenciais para o comércio da Antiguidade: o vale do Nilo, ao norte, e a península Arábica, ao leste. Essa posição permitia o contato direto com o Egito, o Oriente Médio, a Arábia e até mesmo com a Índia. Essa interação constante com outros povos fez de Axum um centro cosmopolita, onde circulavam produtos, ideias e culturas. O reino era conhecido por sua prosperidade e por sua capacidade de unir diferentes povos sob um mesmo governo, tornando-se uma das primeiras grandes potências africanas reconhecidas por outras civilizações, como o Império Romano e a Pérsia.
Além da agricultura e da criação de gado, a economia de Axum se destacava principalmente pelo comércio marítimo. O reino controlava o porto de Adulis, que ficava às margens do Mar Vermelho e funcionava como o principal centro de exportação e importação de produtos vindos de várias partes do mundo. Por meio desse porto, o Reino de Axum mantinha intensas trocas com o Egito, o Império Bizantino, a Índia e até a China.
Entre os produtos exportados estavam o ouro, o marfim, o incenso, o ébano e peles de animais, todos muito valorizados nas grandes civilizações da época. Em troca, os axumitas importavam tecidos finos, especiarias, vinhos, azeite e outros artigos de luxo. Esse comércio movimentado enriquecia o reino e também fortalecia sua influência política e cultural em toda a região do leste africano. O domínio sobre as rotas marítimas fazia de Axum uma potência naval e comercial, que rivalizava em importância com outras grandes civilizações da Antiguidade.
Essa riqueza possibilitou grandes avanços na arquitetura e na arte. Axum se tornou famosa por suas construções monumentais, especialmente os obeliscos, enormes blocos de pedra talhada erguidos em homenagem a reis e nobres. Esses obeliscos, chamados de estelas, eram verdadeiras obras de engenharia e demonstravam o alto nível técnico dos artesãos axumitas. Alguns deles chegavam a ter mais de vinte metros de altura e eram decorados com gravuras que imitavam janelas e portas, representando construções de vários andares. Essas estruturas serviam como símbolos do poder dos governantes e da força do reino, além de expressarem a espiritualidade e a crença dos axumitas na vida após a morte.
A cidade de Axum, capital do reino, era o centro político, religioso e econômico da região. Nela se concentravam os templos, os palácios e as residências das elites. O urbanismo de Axum demonstrava um nível elevado de organização, com ruas bem definidas e áreas destinadas às atividades comerciais. As escavações arqueológicas revelam que a cidade abrigava também armazéns, oficinas e espaços públicos, indicando uma sociedade complexa e hierarquizada, com uma elite rica e poderosa sustentada pelo trabalho de agricultores, comerciantes e artesãos.
Outro aspecto importante do Reino de Axum foi o desenvolvimento de uma escrita própria, o geez, que se tornou uma das primeiras formas de escrita conhecidas na África subsaariana. O geez era usado para registrar leis, transações comerciais e textos religiosos, demonstrando o alto grau de sofisticação intelectual do reino. Com o passar do tempo, essa língua evoluiu e se manteve viva, sendo utilizada até hoje como língua litúrgica na Igreja Ortodoxa Etíope. Isso mostra como Axum foi um importante centro de cultura e conhecimento, onde a escrita, a arte e a religião estavam intimamente ligadas.
Um dos momentos mais marcantes da história axumita foi a adoção do cristianismo. Por volta do século quarto depois de Cristo, o rei Ezana se converteu à nova religião, tornando o Reino de Axum uma das primeiras nações do mundo a adotar oficialmente o cristianismo como religião de Estado. Essa conversão teve profundas implicações culturais e políticas. O cristianismo aproximou Axum do Império Bizantino, que também era cristão, fortalecendo as relações diplomáticas e comerciais entre as duas potências. Além disso, a nova fé trouxe mudanças na arte, na arquitetura e nas tradições religiosas. Igrejas foram construídas em substituição aos antigos templos pagãos, e cruzes passaram a ser gravadas nas estelas e nas moedas do reino, representando a nova identidade espiritual do povo axumita.
A adoção do cristianismo também contribuiu para a consolidação do poder dos reis, que passaram a ser vistos como escolhidos de Deus para governar a terra. A religião, portanto, se tornou um importante instrumento de autoridade, unindo o poder político e o espiritual. Essa união deu estabilidade ao reino e ajudou a manter sua coesão interna por vários séculos.
Mesmo com o passar do tempo, Axum continuou sendo um centro importante de fé e cultura, influenciando diretamente o surgimento da Etiópia cristã, que manteve viva a tradição iniciada pelos antigos axumitas. A fé cristã, a escrita geez e a herança cultural desenvolvida durante o período de Axum moldaram profundamente a identidade da região e continuam sendo parte essencial de sua história até os dias atuais.
O Reino de Axum é um exemplo perfeito para demonstrar como os povos africanos desenvolveram civilizações avançadas, com estruturas políticas organizadas, economia próspera, grandes obras arquitetônicas e expressões culturais únicas. Ele foi uma ponte entre a África e o restante do mundo antigo, participando ativamente das trocas comerciais e culturais que conectavam continentes inteiros.
