Introdução sobre Pré-História + Tudo sobre o Paleolítico (Aula 29)

Introdução sobre Pré-História + Tudo sobre o Paleolítico (Aula 29)

23 de junho de 2025 Off Por Editora Norat

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Dados de Catalogação na Publicação:
NORAT, Markus Samuel Leite. A construção da história e a origem da humanidade. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato HTML5, Tamanho: 96,3 gigabytes (96.300.000 kbytes)

ISBN: 978-65-86183-82-5 | Cutter: N834c | CDU – 930.85

Palavras-chave: Pré-história; Evolução humana; Formação das civilizações

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Introdução sobre Pré-História:

Olá! Seja muito bem-vindo à nossa aula especial de revisão sobre os detalhes mais importantes da Pré-História. Neste vídeo, você vai aprender tudo sobre as divisões, os períodos, as descobertas, as transformações culturais, os avanços tecnológicos, o surgimento do pensamento simbólico, da arte e da espiritualidade. Uma verdadeira viagem ao passado remoto, onde começamos a trilhar o caminho que nos tornaria o que somos hoje.

É muito importante deixar claro que esta é uma aula de revisão de tudo que já nós estudamos nas aulas anteriores. Se você quer estudar o conteúdo de maneira muito detalhada, assista os vinte e oito vídeos, que estão anumerados, desde a aula um, até a aula vinte e oito, para que você entenda todos os detalhes sobre a pré-história, de maneira muito completa e detalhada. Enfim, a Pré-História é o período mais extenso da trajetória humana. Ela abrange centenas de milhares, ou mesmo milhões de anos. É chamada assim porque se refere a uma época anterior ao surgimento da escrita. Ou seja, é um tempo no qual não havia registros escritos, apenas vestígios arqueológicos, como fósseis, ferramentas, armas, restos de habitação, pinturas rupestres, sepultamentos e esculturas. E é a partir desses vestígios que conseguimos reconstruir, pouco a pouco, a vida dos nossos ancestrais.

Particularmente, eu considero inadequado chamar este período de pré-história, somente pelo fato de não haver escrita, pois fica parecendo que está sendo dito que é um período anterior a existência da história, somente pela ausência da escrita, negligenciando tudo que os povos da época construíram, toda a sua riqueza e enorme importância cultural fenomenal.

Esse longo período é dividido em três grandes fases, conhecidas como Paleolítico, Mesolítico e Neolítico. Em alguns lugares, também consideramos a chamada Idade dos Metais, uma etapa final da Pré-História que antecede o início da História propriamente dita, com o aparecimento das primeiras civilizações urbanas e da escrita.

Mas antes de falarmos dessas fases, é importante entender que a Pré-História é muito mais do que uma fase “primitiva”. Ela foi marcada por uma evolução impressionante da espécie humana, de suas habilidades e de sua forma de pensar o mundo.

Tudo começou com os primeiros hominídeos. Esses ancestrais dos seres humanos surgiram na África, há milhões de anos, e foram se espalhando por outras partes do planeta. O mais antigo deles que conhecemos com evidências de uso de ferramentas foi o Homo habilis, seguido pelo Homo erectus, pelo Homo neanderthalensis e, por fim, pelo Homo sapiens – que é a nossa espécie.

Durante muito tempo, esses hominídeos viveram em pequenos grupos nômades. Eles se deslocavam constantemente em busca de alimentos, água e abrigo. Sobreviviam da caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes e sementes. E, aos poucos, foram aprendendo a dominar o fogo, a criar instrumentos de pedra, a construir abrigos, a enterrar seus mortos e até mesmo a produzir arte. E é justamente esse conjunto de comportamentos que começa a definir a Pré-História como uma época de profundas transformações humanas.

Tudo sobre o Paleolítico:

O Paleolítico, também chamado de Idade da Pedra Lascada, é a fase mais antiga da Pré-História. Seu nome vem do grego “palaios”, que significa antigo, e “lithos”, que significa pedra. Ou seja, o nome literalmente significa “pedra antiga”. Esse período começa há cerca de três milhões de anos e se estende até por volta de doze mil anos atrás, marcando quase toda a trajetória humana anterior à agricultura.

O Paleolítico é caracterizado pelo uso de instrumentos de pedra lascada. Essas ferramentas eram produzidas com técnicas rudimentares, como bater uma pedra contra outra até formar uma lasca cortante. Com elas, nossos ancestrais caçavam, cortavam carne, esfolavam animais, quebravam ossos, raspavam peles e manipulavam outros objetos naturais. Aos poucos, também passaram a empregar materiais como madeira, osso, marfim e fibras vegetais.

Durante esse longo período, os seres humanos eram nômades. Isso quer dizer que eles não tinham uma moradia fixa: viviam em constante deslocamento, acompanhando os ciclos da natureza, a migração dos animais e a disponibilidade de alimentos. A sobrevivência dependia da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes.

No início do Paleolítico, surgem os primeiros hominídeos, como o Australopithecus, e logo depois o Homo habilis, considerado o primeiro fabricante de ferramentas. Em seguida, o Homo erectus surge e se destaca por dominar o uso do fogo – uma descoberta fundamental para o aquecimento, o preparo de alimentos e a proteção contra predadores.

Mais adiante, durante o Paleolítico Médio, surge o Homem de Neandertal, com seus modos de vida já mais sofisticados. Ele é associado à chamada indústria musteriense, um conjunto de técnicas de talha de pedra bem mais refinadas, obtidas com o método Levallois. Nesse período, já havia indícios de organização social, enterros de mortos com objetos simbólicos e uso de pigmentos como o ocre vermelho.

Finalmente, no Paleolítico Superior, ocorre uma verdadeira revolução no comportamento humano. Essa fase é marcada pela presença do Homo sapiens, a nossa espécie. Aqui, há um salto qualitativo e quantitativo nas ferramentas, com a produção de lâminas finas e precisas, a especialização dos instrumentos, a diversificação dos materiais usados – incluindo ossos, conchas, marfim e até cerâmica.

Também surgem os utensílios compostos, como lanças com pontas fixadas em hastes de madeira, arpões serrilhados, anzóis, agulhas de osso e redes de pesca. Esses avanços indicam um enorme crescimento na capacidade de planejar, construir e adaptar-se aos diferentes ambientes.

Mas o que realmente diferencia o Paleolítico Superior é o surgimento do pensamento simbólico. Pela primeira vez, os humanos passam a expressar ideias, crenças e sentimentos por meio de símbolos e imagens. É aqui que encontramos as famosas pinturas rupestres, feitas no interior de cavernas, como as de Lascaux, na França, e Chauvet, também na Europa.

Essas pinturas retratam animais em movimento, cenas de caça e, possivelmente, elementos ritualísticos. Além disso, há esculturas portáteis como as “Vênus paleolíticas” – pequenas estatuetas femininas com seios, quadris e ventres volumosos, associadas a cultos de fertilidade e à celebração da vida. Um exemplo muito conhecido é a Vênus de Willendorf.

Também surgem os ritos funerários elaborados, com enterramentos acompanhados de objetos, ossos, conchas, pigmentos e adornos. Esses sepultamentos mostram que nossos antepassados já possuíam uma noção de espiritualidade, de continuidade após a morte e de respeito pelos entes queridos.

E há ainda evidências da música, com instrumentos feitos de osso, como flautas, indicando uma dimensão estética e sensível já muito presente. A produção de adornos corporais, como colares feitos de dentes e conchas, também aponta para o desenvolvimento da vaidade, da identidade pessoal e das distinções sociais.

Esse conjunto de comportamentos – arte, religião, música, sepultamentos e adornos – demonstra que, no Paleolítico Superior, os seres humanos já haviam desenvolvido uma cultura complexa, com sistemas simbólicos, crenças, linguagem, planejamento coletivo e expressões artísticas avançadas.

Assim, podemos dizer que o Paleolítico é o berço da humanidade como conhecemos hoje. Foi nesse período que começamos a transformar o mundo à nossa volta, a construir significados, a cuidar uns dos outros e a nos enxergar como parte de algo maior. Na próxima aula vamos avançar para a fase seguinte: o Mesolítico, a ponte entre o mundo nômade e o mundo agrícola.