Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 7.1 – A Expansão do Islã: o islamismo
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| Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 7.1 – A Expansão do Islã: o islamismo
O surgimento e a expansão do islamismo representam uma das transformações mais profundas da história humana, marcando a formação de uma nova religião, e também o nascimento de uma civilização que influenciou vastas regiões da África, da Ásia e da Europa. Para compreender essa expansão, é necessário voltar ao início do século sétimo e observar como, em meio às dunas da Península Arábica, uma nova mensagem espiritual e social emergiu, modificando para sempre o destino dos povos daquela região e de muitas outras ao redor do mundo.
A Península Arábica era, naquele período, uma região formada por tribos independentes, com forte vida nômade e marcada por rivalidades constantes. A religião predominante era o politeísmo, e muitos clãs adoravam diferentes divindades, além de manterem santuários que atraíam peregrinos, sendo o mais famoso deles a Caaba, localizada na cidade de Meca. Essa cidade era um importante centro comercial e religioso, pois suas rotas conectavam regiões do Oriente Médio, da África e da Ásia, fazendo dela um ponto estratégico tanto para o comércio quanto para as alianças tribais.
Foi nesse contexto que nasceu Maomé, considerado pelos muçulmanos o último dos profetas. Durante sua vida adulta, Maomé se dedicou ao comércio, o que o colocou em contato com diversas culturas e crenças. Em certo momento, passou a buscar momentos de reflexão e solidão nas montanhas que cercavam Meca. Em uma dessas ocasiões, recebeu uma revelação divina, interpretada como uma mensagem do Criador. Maomé passou a transmitir esses ensinamentos, afirmando que havia apenas um Deus e que os seres humanos deveriam seguir seus mandamentos. Essa mensagem formava o núcleo do islamismo, uma religião que se estruturava em torno da fé em um Deus único e da obediência à vontade divina.
No entanto, a propagação dessa nova fé não foi simples. Os líderes de Meca viam as palavras de Maomé como uma ameaça à ordem estabelecida, pois a religião tradicional, repleta de divindades, estava ligada ao prestígio político e ao controle econômico da cidade. À medida que o número de seguidores de Maomé aumentava, também crescia a oposição contra ele. Diante das perseguições, o profeta e seus companheiros decidiram deixar Meca e migrar para Yatreb, cidade que passou a ser conhecida como Medina. Esse episódio é considerado um marco fundamental na história islâmica, pois representou a formação de uma comunidade unida pela fé e pela cooperação. Em Medina, Maomé organizou uma sociedade baseada na solidariedade entre os fiéis e na justiça como princípio central.
A partir desse momento, a expansão do islamismo ganhou força. Maomé atuou não apenas como líder espiritual, mas também como responsável pela organização social e política da comunidade. A fé islâmica passou a orientar a vida coletiva, desde as tradições religiosas até as decisões políticas e econômicas. Ao mesmo tempo, a convivência entre diferentes grupos em Medina permitiu que o islamismo se transformasse em uma força unificadora, capaz de aproximar tribos antes rivais. Com o fortalecimento dessa comunidade, Meca se tornou o próximo objetivo. Após um período de conflitos e negociações, os habitantes de Meca acabaram aceitando a presença dos seguidores de Maomé, e a cidade foi incorporada à nova fé, preservando a Caaba como centro espiritual do islamismo.
Com a morte de Maomé, seus seguidores se organizaram para garantir a continuidade da comunidade e dos ensinamentos religiosos. Surgiu então a figura dos califas, que eram considerados líderes políticos e espirituais responsáveis por guiar os muçulmanos. Esses governantes desempenharam um papel crucial na expansão do islamismo para além da Península Arábica. Guiados pela ideia de que a comunidade deveria manter sua unidade e fortalecer seus territórios, os califas organizaram campanhas militares e diplomáticas que levaram a religião para novas regiões.
Em pouco tempo, o islamismo alcançou áreas da Síria, da Mesopotâmia, da Pérsia e do Egito, chegando mais tarde ao norte da África e à Península Ibérica. Em cada região, a expansão combinava diferentes estratégias. Em algumas situações, acordos eram firmados com governantes locais, permitindo a presença pacífica da fé islâmica. Em outras, conflitos acabavam por ampliar o domínio político dos estados muçulmanos. Entretanto, um elemento fundamental dessa expansão foi a forma como os muçulmanos tratavam os povos conquistados. Em muitas regiões, era permitido que diferentes religiões continuassem a existir, desde que respeitassem certas normas e contribuíssem com impostos específicos. Esse modelo de convivência ajudou a integrar uma grande diversidade de culturas sob um mesmo sistema administrativo.
Com o crescimento do território, uma vasta civilização se formou. As conquistas permitiram o contato com diferentes tradições, o que estimulou grandes avanços intelectuais, científicos e artísticos. Em cidades como Bagdá, Damasco e Córdoba, estudiosos traduziram obras de diversas partes do mundo, ampliando o conhecimento disponível. Os muçulmanos tornaram-se referências em áreas como matemática, medicina, astronomia, filosofia e arquitetura. A influência islâmica alcançou regiões distantes e deixou marcas profundas na cultura mundial.
A expansão do islamismo, portanto, não pode ser vista apenas como um processo militar, pois ela também envolveu trocas culturais, desenvolvimento de instituições administrativas e a formação de uma sociedade baseada em valores como a fé, a justiça e a busca pelo conhecimento. Além disso, a religião islâmica tornou-se um elemento de identidade para milhões de pessoas, moldando tradições, costumes e formas de organização social em diferentes partes do mundo.
Com o passar do tempo, essa expansão originou novos reinos e califados, cada um interpretando a fé de maneira própria, mas mantendo os princípios fundamentais revelados a Maomé. A diversidade dentro do próprio islamismo se ampliou, mostrando que a religião, ao mesmo tempo em que unificava, também se adaptava às realidades locais. Assim, ao estudar a expansão do islamismo, observamos o desenvolvimento de uma religião, e também a formação de uma das civilizações mais influentes da história. Esse movimento transformou profundamente a Península Arábica, conectou povos diferentes e contribuiu para a construção de um vasto espaço cultural que atravessou continentes. A compreensão desse processo nos ajuda a perceber como a fé, a política, a economia e a cultura podem se entrelaçar e gerar mudanças capazes de marcar para sempre o destino da humanidade.
