Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 6.6 – Ascensão da Macedônia e o império de Alexandre, o Grande
Como fazer referência ao conteúdo:
| Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 6.6 – Ascensão da Macedônia e o império de Alexandre, o Grande
Para entendermos a ascensão da Macedônia e o extraordinário percurso de Alexandre, o Grande, é necessário voltarmos um pouco no tempo e observarmos a situação da Grécia após décadas de conflitos internos. Quando a Guerra do Peloponeso chegou ao fim, nenhuma cidade estado saiu realmente fortalecida. Atenas havia perdido sua frota, sua economia e sua liderança cultural. Esparta, apesar da vitória militar, não tinha condições de manter o controle político sobre o conjunto das cidades gregas por muito tempo. Corinto, Tebas e outras cidades procuravam maneiras de recuperar seu espaço, mas as rivalidades entre elas impediram qualquer união estável. Foi nesse cenário fragmentado, marcado pela exaustão e pela perda de recursos, que a Macedônia encontrou a oportunidade perfeita para se afirmar como potência.
A Macedônia ficava ao norte da Grécia continental e era vista com certo preconceito por muitos gregos, que consideravam os macedônios menos refinados culturalmente. No entanto, essa percepção era injusta, pois a região possuía grande riqueza agrícola, reservas de madeira de alta qualidade para construção naval e um território amplo, capaz de sustentar um exército forte e bem treinado. A sociedade macedônia também possuía uma monarquia consolidada, o que favorecia a tomada rápida de decisões e a unificação das forças militares sob uma liderança única.
Foi nesse contexto que surgiu Filipe, rei da Macedônia, uma figura extremamente habilidosa, inteligente e estratégica. Filipe compreendeu que a chave para transformar a Macedônia em uma potência estava na organização de um exército moderno e eficiente. Ele introduziu reformas importantes, como a criação da falange macedônia, uma formação militar composta por soldados que utilizavam lanças muito longas, chamadas sarissas. Com essa tática, a falange avançava como uma muralha móvel, muito difícil de ser rompida pelos inimigos. Filipe também investiu em treinamento constante, em disciplina rigorosa e na combinação de diferentes tropas, como cavalaria e arqueiros. Essa combinação garantiu à Macedônia uma força militar altamente adaptável e poderosa.
Enquanto fortalecia seu exército, Filipe buscava controlar a política das cidades gregas. Em vez de atacar todas ao mesmo tempo, ele usava diplomacia, alianças e intervenções pontuais. Muitas cidades passaram a reconhecer a autoridade macedônia por conveniência ou por medo, e outras foram derrotadas quando tentaram resistir. A batalha que simbolizou esse domínio foi a batalha de Queroneia, na qual a Macedônia derrotou uma aliança formada por Atenas e Tebas. Nessa batalha, Alexandre, ainda muito jovem, lutou ao lado de Filipe e demonstrou habilidades militares impressionantes, o que chamou a atenção de toda a Grécia.
Com a vitória em Queroneia, Filipe conseguiu consolidar o controle sobre quase toda a Grécia continental. Seu objetivo seguinte era organizar uma grande campanha contra o Império Persa, que havia sido inimigo dos gregos durante séculos. Filipe sabia que conquistar as terras persas traria riqueza, glória e estabilidade ao seu reino. No entanto, antes que pudesse iniciar essa campanha, Filipe foi assassinado. O motivo do assassinato é discutido até hoje, mas o fato é que, com sua morte, o jovem Alexandre assumiu o trono.
Alexandre havia sido educado por ninguém menos que Aristóteles, um dos maiores filósofos da história. Desde muito cedo, demonstrava grande curiosidade pela vida, interesse pela ciência, habilidade na liderança e um profundo desejo de glória. Ao assumir o trono, muitos acreditavam que sua pouca idade o tornaria frágil diante das pressões políticas e militares. No entanto, ele surpreendeu todos ao mostrar firmeza e determinação. Alexandre rapidamente neutralizou revoltas internas e reafirmou o controle macedônio sobre a Grécia. Ele sabia que, para conquistar respeito, precisava agir com rapidez e coragem. E assim o fez.
Com a Grécia reorganizada, Alexandre retomou o grande projeto iniciado por seu pai: a conquista do Império Persa. O Império Persa era vasto, rico e poderoso, mas estava enfraquecido por conflitos internos e por disputas pela sucessão. Alexandre aproveitou esse momento e iniciou uma campanha militar que se tornaria uma das mais extraordinárias da história da humanidade.
A primeira grande vitória ocorreu na Ásia Menor. Alexandre demonstrou seu estilo de liderança ao lutar na linha de frente e ao motivar seus soldados com discursos diretos e inspiradores. Ele era o tipo de comandante que dividia dificuldades, caminhava pelo mesmo terreno que os soldados e se apresentava como um líder presente, e não distante. Seu exército passou a confiar profundamente em suas decisões, mesmo quando ele propunha desafios arriscados.
Mais tarde, Alexandre enfrentou o rei persa Dario em batalhas decisivas, como a batalha de Isso. Embora o exército persa fosse numericamente superior, Alexandre usava estratégias inteligentes, movimentos rápidos e a combinação de tropas que herdara do exército reformado por seu pai. Na batalha de Gaugamela, que é considerada uma das maiores demonstrações de genialidade militar, Alexandre enfrentou o exército persa em um campo amplo e cuidadosamente preparado por Dario. Mesmo assim, Alexandre encontrou brechas para atacar o centro inimigo e obrigou Dario a fugir, o que marcou o início do fim do domínio persa.
Com o controle das antigas capitais persas, como Babilônia, Susa e Persépolis, Alexandre passou a governar um território gigantesco. Ele, porém, não desejava apenas conquistar. Desejava unir culturas, integrar povos e criar um mundo em que diferentes tradições pudessem conviver. Ele incentivava casamentos entre soldados macedônios e mulheres persas, adotava trajes locais em algumas cerimônias e buscava compreender as tradições religiosas e sociais dos povos conquistados. Essa atitude, embora surpreendente para sua época, demonstrava seu interesse pela diversidade cultural.
A campanha não parou. Alexandre avançou para o Egito, onde foi recebido como libertador, pois a população estava insatisfeita com o domínio persa. Lá, ele fundou a cidade de Alexandria, que mais tarde se tornaria um dos maiores centros de cultura e conhecimento do mundo antigo. Continuando sua jornada, Alexandre atravessou regiões montanhosas, desertos e territórios desconhecidos, conquistando a Ásia Central e avançando até a Índia.
No entanto, o esgotamento de suas tropas e a dificuldade de avançar por terras tão distantes o obrigaram a retornar. Durante o retorno, Alexandre enfrentou problemas como doenças, clima hostil e desgaste emocional de seus soldados. Ele tentou reorganizar o império, mas sua vida acabou de forma inesperada. Alexandre morreu jovem, deixando um território imenso, que se estendia do Egito até as fronteiras da Índia. Após sua morte, seus generais dividiram o império em vários reinos, dando início ao período helenístico, no qual a cultura grega se misturou profundamente com as culturas orientais. Esse processo transformou cidades, comércio, ciência, arte e filosofia, criando um vasto ambiente multicultural.
