Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 5.6 – Os Assírios: guerreiros e conquistadores
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| Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 5.6 – Os Assírios: guerreiros e conquistadores
Militarismo e expansão territorial
Para entender quem foram os assírios, precisamos imaginar um povo que viveu durante muitos séculos em uma região onde o conflito era uma constante. Eles se estabeleceram em uma área ao norte da Mesopotâmia, em um território cheio de montanhas, planícies férteis e estradas naturais que ligavam diferentes áreas do Oriente Próximo. Essa localização estratégica fez com que, desde cedo, os assírios aprendessem a se defender de invasores e a buscar meios de ampliar sua influência. Foi nesse ambiente que surgiu um dos mais poderosos e temidos povos da Antiguidade.
Os assírios se tornaram conhecidos por seu militarismo, ou seja, pela grande importância que davam ao exército e às atividades de guerra. Para eles, a força militar não era apenas uma ferramenta de proteção, mas também um instrumento de expansão territorial, controle político e demonstração de poder. A guerra fazia parte do cotidiano e da identidade assíria, e isso moldou profundamente sua cultura, sua economia e sua organização social.
A expansão territorial assíria não aconteceu de uma única vez. Ela se desenvolveu ao longo de muitos reinados, cada um acrescentando novas conquistas e formas de dominar regiões vizinhas. Os governantes assírios acreditavam que os deuses tinham concedido a eles a missão de governar outros povos e organizar o mundo ao seu redor. Essa crença dava um sentido religioso à guerra, como se o próprio ato de conquistar terras fosse uma tarefa sagrada. Assim, cada campanha militar era vista como uma forma de cumprir a vontade divina e garantir proteção ao reino.
Para manter esse ritmo de conquistas, os assírios construíram um dos exércitos mais organizados de seu tempo. Eles não dependiam apenas de soldados que eram convocados em momentos de emergência. Pelo contrário, possuíam tropas permanentes, treinadas continuamente, que podiam ser mobilizadas a qualquer momento. Essa profissionalização fez com que a força militar assíria fosse mais disciplinada, rápida e preparada do que a maioria dos exércitos vizinhos.
Os assírios desenvolveram métodos eficientes para ampliar seus domínios. Eles buscavam conhecer profundamente o território inimigo antes de iniciar uma campanha, estudando seus pontos fracos e os melhores caminhos para atacar. Construíam estradas e pontes temporárias para garantir a movimentação rápida das tropas. O Estado investia em materiais, equipamentos e suprimentos, garantindo que cada soldado estivesse bem preparado para longas marchas e batalhas difíceis.
Um dos principais motivos do sucesso assírio era sua capacidade de integrar diferentes tipos de tropas em um único exército. Eles utilizavam infantaria pesada e leve, arqueiros habilidosos, carros de guerra e cavalaria. Cada grupo desempenhava uma função específica e, juntos, formavam um conjunto extremamente eficiente. As campanhas assírias incluíam ataques diretos, cercos prolongados e estratégias que obrigavam o inimigo a se render sem batalha.
A expansão territorial assíria modificou profundamente a região. Povos vizinhos eram conquistados, e muitos deles passavam a viver sob administração assíria. Para garantir o controle sobre territórios distantes, os governantes criaram métodos rígidos de supervisão, que incluíam a instalação de autoridades locais leais, o recolhimento de tributos e, em alguns casos, a transferência de grupos inteiros de uma região para outra. Essa política de deslocamento populacional tinha como objetivo evitar rebeliões, misturando povos diferentes e dificultando a formação de alianças contra o império.
Apesar de sua fama de conquistadores implacáveis, os assírios também promoveram o desenvolvimento das áreas que dominavam. Eles administravam com eficiência, construíam estradas, canais de irrigação, fortalezas e cidades bem organizadas. A riqueza obtida com as conquistas ajudava a financiar grandes obras públicas, palácios, templos e bibliotecas. Isso fortalecia ainda mais o poder central, demonstrando que o militarismo não funcionava de forma isolada, mas estava ligado ao crescimento econômico e ao brilho cultural do império.
O militarismo assírio também influenciava o modo como a sociedade se organizava. Os soldados ocupavam posição central na vida pública e eram extremamente valorizados. Muitos jovens buscavam no exército a oportunidade de ascender socialmente, ganhar prestígio ou participar de expedições que poderiam render recompensas e honrarias. O treinamento rigoroso era visto como parte fundamental da formação de um bom cidadão.
Ao observar todo esse cenário, percebemos que o domínio assírio não foi fruto apenas de violência ou guerra constante. Ele foi resultado de uma combinação de fatores que incluíam organização administrativa, crenças religiosas, tecnologia militar avançada, disciplina rígida e uma visão de mundo que colocava os assírios como líderes naturais da região. Essa estrutura permitiu que o império crescesse e se tornasse uma das maiores potências do Oriente Próximo durante muitos séculos.
Estratégias de guerra e armas inovadoras
Quando falamos sobre os assírios, é impossível ignorar o fato de que eles se tornaram conhecidos como um dos povos mais eficientes no campo da guerra. A força militar assíria era grande em número, e, além disso, desenvolveram estratégias inteligentes e criativas, utilizaram armas inovadoras para o seu tempo e aperfeiçoaram técnicas que mais tarde seriam copiadas por várias outras civilizações. É como se os assírios tivessem transformado a arte da guerra em uma ciência muito bem estudada.
Para começar, é importante entender que os assírios não dependiam da improvisação. Cada campanha militar era planejada com antecedência. Antes de atacar uma região, eles reuniam informações sobre o terreno, sobre o clima, sobre os exércitos inimigos e sobre as fortalezas que encontrariam pelo caminho. Isso pode parecer algo natural hoje em dia, mas naquele tempo poucos povos levavam tão a sério o estudo do ambiente antes da batalha. Os assírios eram verdadeiros observadores do mundo ao redor e sabiam que uma boa estratégia podia decidir o resultado de uma guerra antes mesmo de a luta começar.
Uma das características mais marcantes da guerra assíria era a organização das tropas. O exército era dividido em funções muito bem definidas. Havia soldados especializados em combate corpo a corpo, arqueiros treinados para atacar à distância, unidades de defesa que protegiam as linhas de frente e tropas de choque que avançavam rapidamente contra o inimigo. Essa divisão de tarefas garantia que cada parte do exército atuasse no momento certo, criando uma harmonia que poucos adversários conseguiam enfrentar.
Outra grande inovação dos assírios foi o uso intenso da cavalaria. Enquanto muitos povos ainda dependiam principalmente de carros de guerra puxados por animais, os assírios perceberam que cavalos montados permitiam movimentos mais rápidos, manobras mais ágeis e ataques surpresa mais eficientes. Os cavaleiros assírios eram treinados com rigor, sabiam usar lanças, arcos e espadas de maneira habilidosa e conseguiam mudar o ritmo da batalha com rapidez. A presença da cavalaria criou um exército mais dinâmico e imprevisível.
Os carros de guerra também tinham um papel fundamental. Eles eram construídos para serem resistentes e rápidos. Eram usados para abrir caminho no meio do inimigo ou para transportar arqueiros que lançavam flechas de forma precisa enquanto o carro se movia em alta velocidade. Muitos relatos antigos descrevem como esses carros avançavam levantando poeira, criando um cenário que assustava os oponentes antes mesmo do início do combate.
Mas talvez o maior destaque entre as invenções assírias fosse a habilidade no uso de armas específicas e equipamentos que permitiam vencer fortalezas quase impenetráveis. Para enfrentar muros altos e bem construídos, eles desenvolveram torres móveis de cerco, que eram estruturas altas montadas sobre rodas. Essas torres permitiam que os soldados subissem até o topo das muralhas inimigas, alcançando defensores que até então se sentiam protegidos pela altura de suas construções.
Além disso, os assírios criaram aríetes poderosos, que consistiam em troncos pesados presos a uma estrutura coberta. O tronco era balançado repetidamente contra portas e paredes até que elas cedessem. Esse tipo de arma exigia não apenas força, mas também coordenação entre os soldados que operavam o equipamento. Para garantir a segurança da equipe, esses aríetes tinham proteção contra flechas e objetos lançados pelos inimigos que estavam nas muralhas.
Outra estratégia assíria muito usada era o cerco prolongado. Em vez de atacar diretamente uma cidade fortificada, eles cercavam a área e impediam a entrada de alimentos e água. Com o passar do tempo, os moradores ficavam enfraquecidos e eram obrigados a se render. Essa tática exigia paciência e organização, mas evitava grandes perdas no campo de batalha. Era um exemplo claro do modo assírio de pensar as guerras de forma prática e eficiente.
O uso da engenharia também merece destaque. Os assírios eram capazes de desviar cursos de rios, construir rampas enormes feitas de terra e pedra, cavar túneis sob muralhas e criar mecanismos para desmontar estruturas inimigas. Esse conhecimento somado às armas e às estratégias militares fazia com que o exército assírio se tornasse quase imbatível em muitas batalhas.
Outro ponto importante era a comunicação dentro do exército. Os comandantes usavam mensageiros rápidos e sinais visuais para dar ordens durante a batalha. Em um tempo sem meios modernos de comunicação, a capacidade de transmitir instruções com velocidade e clareza era uma vantagem gigantesca. Isso garantia que as diferentes unidades do exército atuassem de forma sincronizada.
A disciplina também era um pilar central da força assíria. Cada soldado sabia exatamente o que fazer, como agir e o que esperar de si mesmo e de seus companheiros. A desobediência era severamente punida, pois os assírios acreditavam que um exército só é forte quando todos trabalham juntos com foco e responsabilidade.
Além da força física e das armas, os assírios utilizavam estratégias psicológicas. Eles queriam que seus inimigos os temessem mesmo antes do combate. Por isso, deixavam claro em suas campanhas que eram um povo poderoso, disciplinado e capaz de vencer qualquer resistência. A fama de invencibilidade se espalhou tão rapidamente que muitas cidades se rendiam sem lutar, apenas ao saber que o exército assírio estava se aproximando.
Ao analisar todas essas estratégias e inovações, percebemos que o sucesso militar dos assírios não foi resultado de sorte ou simples brutalidade. Ele foi fruto de preparação constante, observação cuidadosa, criatividade na construção de armas e inteligência no uso do terreno e dos recursos disponíveis. Os assírios foram pioneiros em muitas técnicas que influenciaram povos posteriores e transformaram profundamente a maneira como as guerras eram conduzidas.
Capitais importantes como Nínive e Assur
Para compreender o poder dos assírios e a profundidade de sua organização, é essencial conhecer as grandes cidades que formavam o coração de seu domínio. Entre elas, duas se destacam de maneira muito especial: Nínive e Assur. Essas cidades não eram apenas centros administrativos. Elas eram verdadeiras expressões da força política, da cultura, da economia e da engenharia assíria, lugares onde decisões importantes eram tomadas e onde a vida urbana pulsava com intensidade.
Vamos começar por Assur, considerada a cidade mais antiga e mais sagrada dos assírios. Localizada às margens do rio Tigre, Assur recebeu esse nome em homenagem ao principal deus do povo, também chamado Assur. Era uma cidade que misturava religiosidade e política desde o início. Em suas primeiras fases, Assur funcionava como uma cidade independente, governada por líderes chamados de patriarcas ou chefes locais. Com o passar do tempo, esses governantes se tornaram verdadeiros reis e transformaram Assur em um ponto de partida para a expansão do poder assírio.
A importância religiosa de Assur pode ser vista em seus templos e altares. Muitos deles eram dedicados ao deus que carregava o nome da cidade, que era visto como protetor do povo, sustentáculo da guerra e guia espiritual do reino. Os habitantes acreditavam que toda batalha, toda conquista e toda decisão importante precisava ser feita com o apoio espiritual de Assur, o deus supremo. Dessa forma, a cidade tinha uma aura sagrada que inspirava respeito e devoção.
Além disso, Assur era um centro comercial ativo. Por estar próxima a rotas importantes, a cidade recebia mercadores de várias regiões, trazendo produtos, técnicas, informações e culturas diferentes. Esse movimento constante de pessoas ajudou os assírios a conhecer novas tecnologias e novas formas de organização que mais tarde seriam adotadas e ampliadas em seu próprio território.
Com o crescimento do poder militar, Assur passou a servir também como base estratégica. Exércitos eram reunidos ali antes de partir para campanhas distantes e era ali que muitos equipamentos de guerra eram produzidos e armazenados. A cidade cresceu tanto que foi ampliada diversas vezes, recebendo muralhas, bairros planejados e áreas destinadas à administração pública.
Com o tempo, porém, outra cidade ganhou destaque e assumiu o papel de capital principal do império assírio: Nínive. Essa cidade se tornou uma das maiores e mais impressionantes de toda a Antiguidade. Localizada às margens do rio Tigre, assim como Assur, Nínive passou por reformas grandiosas durante o reinado de governantes poderosos, que investiram muitos recursos para torná la uma cidade monumental.
Nínive ficou especialmente conhecida pela sua arquitetura majestosa. Diversos palácios foram construídos com dimensões tão grandes que impressionavam qualquer visitante. Esses palácios possuíam corredores extensos, salas enormes decoradas com esculturas e relevos e ambientes destinados à recepção de autoridades estrangeiras. Os assírios sabiam que mostrar grandeza era uma forma de demonstrar força política. Por isso, Nínive foi planejada para impressionar tanto aliados quanto inimigos.
Uma das características mais marcantes da cidade era sua complexa rede de muralhas. As muralhas de Nínive eram tão largas que muitas histórias contam que carruagens inteiras podiam circular sobre elas. Além disso, torres altas eram distribuídas ao longo das muralhas para permitir a vigilância constante do horizonte. Guardas se revezavam dia e noite para manter a cidade protegida contra invasões.
Mas não era apenas a arquitetura militar que tornava Nínive especial. Ela também era um centro cultural e administrativo de enorme importância. Governantes assírios reuniram em Nínive uma das maiores coleções de textos da época. Isso resultou na famosa biblioteca organizada pelo rei Assurbanipal, que reuniu milhares de tábuas escritas com textos sobre ciência, religião, matemática, poesia, leis, mitos e observações sobre o mundo. Mesmo sendo uma cidade militar, Nínive também valorizava o conhecimento e entendia que registrar a vida e o pensamento da época era essencial.
Outro ponto importante é que Nínive se tornou o centro econômico mais forte do império. Artesãos trabalhavam com metais, pedras, tecidos e madeira, produzindo objetos de alta qualidade que eram enviados para outras regiões. Mercadores circulavam pela cidade diariamente, trazendo produtos de terras distantes e contribuindo para que o comércio fosse um dos pilares da riqueza assíria.
A cidade também era conhecida por seus jardins, canais e sistemas de irrigação. Governantes investiram em grandes obras de engenharia para trazer água de regiões montanhosas até o interior da cidade. Esse fornecimento constante de água permitiu que praças, residências e palácios fossem decorados com vegetação e pequenos lagos artificiais. Nínive era um exemplo de como os assírios dominavam a técnica de controlar o ambiente ao seu favor.
A vida cotidiana em Nínive também era muito movimentada. Ruas largas eram ocupadas por pessoas de diferentes profissões. Trabalhadores, soldados, sacerdotes, escribas, mercadores e estrangeiros viviam lado a lado, contribuindo para a diversidade da cidade. Mercados vendiam alimentos, ferramentas, utensílios e roupas. A cidade era tão grande que precisava de uma organização cuidadosa, e por isso havia leis e regras específicas para manter tudo funcionando de forma ordenada.
É interessante perceber que, mesmo com todas as diferenças entre Assur e Nínive, ambas representavam a força e o espírito do povo assírio. Assur preservava o aspecto religioso e tradicional, sendo vista como o coração espiritual do reino. Nínive simbolizava o poder, a riqueza e a capacidade tecnológica, servindo como vitrine para o mundo e como sede do governo.
Essas cidades foram responsáveis por impulsionar o crescimento do império em vários sentidos. Elas abrigavam decisões importantes, protegiam conquistas valiosas, incentivavam o comércio e promoviam o conhecimento. Seus muros, palácios, templos e bibliotecas eram demonstrações claras de que os assírios sabiam criar estruturas grandiosas e administrar territórios extensos com eficiência.
Organização administrativa de um império vasto
Para compreender plenamente a grandiosidade dos assírios, é fundamental olhar além das batalhas, além das armas inovadoras e além da imagem de um povo guerreiro. A verdadeira força dos assírios não estava apenas em seus exércitos, mas também em sua capacidade de controlar, administrar e manter unido um território gigantesco. Esse território chegava a se estender por áreas que hoje abrangem regiões do Oriente Médio, incluindo terras que fazem parte do atual Iraque, Síria, Turquia, Irã e até mesmo partes da Palestina e do Egito. Governar um espaço tão amplo exigia inteligência, planejamento e uma estrutura administrativa que funcionava de maneira precisa e eficiente.
Os assírios criaram um sistema de governo que combinava autoridade central forte com divisão organizada do território. No centro desse sistema estava o rei, visto como representante dos deuses na Terra e responsável por garantir a ordem, a segurança e a justiça. O rei assírio não era apenas um governante político. Ele também era chefe militar, líder religioso e administrador supremo. Todas as decisões importantes passavam por ele, desde campanhas militares até obras de irrigação, organização das cidades e coleta de impostos.
Para tornar essa administração possível, o território era dividido em províncias. Essas províncias podiam ser regiões recém conquistadas ou áreas tradicionalmente assírias. Cada província era governada por um representante do rei, conhecido como governador. Esses governadores eram escolhidos por sua lealdade, capacidade administrativa e conhecimento da região. Eles tinham a tarefa de aplicar as leis, supervisionar a produção agrícola, garantir a segurança local e coletar tributos que seriam enviados à capital.
Esses tributos eram extremamente importantes para manter o funcionamento do império. Eles podiam ser pagos em produtos agrícolas, metais, animais, tecidos, cerâmica ou mesmo mão de obra. Tudo isso era utilizado pelo governo central para sustentar os exércitos, construir palácios, templos e estradas, investir em sistemas de irrigação e garantir a prosperidade das principais cidades. Dessa forma, cada província tinha uma participação direta no fortalecimento do império.
Outro ponto essencial da administração assíria era a comunicação. Para governar territórios tão distantes, era necessário enviar mensagens com rapidez. Por isso, os assírios construíram estradas bem organizadas, com pontos de parada destinados a mensageiros que se revezavam no transporte de informações. Essa rede de comunicação permitia que ordens do rei chegassem a regiões muito afastadas e que notícias importantes retornassem à capital em pouco tempo.
Além disso, a administração assíria controlava cuidadosamente os povos conquistados. Em muitos casos, os assírios permitiam que esses povos mantivessem seus costumes e crenças, desde que pagassem tributos e reconhecessem a autoridade do rei. No entanto, se uma região se mostrasse rebelde ou ameaçasse a ordem, os assírios podiam adotar medidas mais rígidas. Entre essas medidas estava a deportação, que consistia em retirar grupos inteiros de uma região e levá los para outra parte do império. Isso servia para enfraquecer as forças de resistência e, ao mesmo tempo, distribuir mão de obra por áreas que precisavam de trabalhadores.
Esse processo, embora duro, contribuiu para que diversas culturas entrassem em contato entre si. Artesãos, agricultores, comerciantes, guerreiros e famílias inteiras eram deslocados e passavam a conviver com pessoas de regiões diferentes. Isso resultou em trocas culturais que influenciaram a língua, a arte, a culinária e até mesmo tradições religiosas em várias partes do império.
Outro aspecto muito importante era o registro de informações. Os assírios valorizavam o controle e a documentação de tudo o que ocorria no império. Escribas eram responsáveis por registrar colheitas, pagamentos de tributos, leis, tratados, decisões militares, contratos e acontecimentos importantes. Esses registros eram feitos em tábuas de argila com escrita cuneiforme e arquivados em templos e palácios. Assim, os governantes tinham acesso a dados precisos sobre cada região, o que ajudava a tomar decisões rápidas e bem fundamentadas.
O exército também fazia parte da estrutura administrativa. Cada província precisava fornecer soldados, além dos pagamentos habituais. Esses soldados se juntavam ao exército central, reforçando o poder militar que mantinha o império protegido e respeitado. Para garantir a disciplina, havia oficiais responsáveis por treinar e supervisionar os soldados locais e aqueles vindos de outras regiões.
Nas cidades mais importantes, especialmente em Nínive e Assur, havia conselhos formados por homens experientes que auxiliavam o rei em decisões estratégicas. Esses conselhos podiam incluir generais, sacerdotes, escribas e membros da aristocracia local. Eles discutiam campanhas militares, reorganizações administrativas, construções de obras públicas e acordos diplomáticos. Embora o rei tivesse a palavra final, ele se apoiava nesses conselhos para organizar de forma equilibrada a vida do império.
Estradas e pontes também eram parte da estrutura administrativa. Os assírios investiram pesado na construção de rotas bem cuidadas, que facilitavam tanto o comércio quanto a movimentação do exército. Essas estradas permitiam que mercadorias circulassem entre as províncias, fortalecendo a economia interna e permitindo que produtos de regiões distantes chegassem aos mercados das principais cidades. As estradas também garantiam que tropas pudessem ser deslocadas com rapidez para combater ameaças externas ou internas.
A administração assíria incluía ainda a supervisão religiosa. Embora respeitassem as crenças dos povos conquistados, os assírios exigiam que o deus Assur fosse reconhecido como figura central do império. Sacerdotes tinham autoridade para realizar rituais, interpretar sinais divinos e aconselhar o rei. Essa união entre política e religião reforçava a ideia de que a ordem do império era uma vontade divina e que devia ser respeitada. Essa estrutura administrativa complexa foi fundamental para manter unido um território tão diverso. Graças a ela, os assírios conseguiram controlar regiões distantes, garantir a circulação de mercadorias, organizar a produção agrícola, supervisionar obras públicas, arrecadar tributos e fortalecer seu poder militar. Sem esse sistema cuidadosamente criado e aperfeiçoado ao longo do tempo, o império assírio não teria alcançado tamanha força e estabilidade.
