Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 5.3 – Os Sumérios: pioneiros da civilização
Como fazer referência ao conteúdo:
| Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 5.3 – Os Sumérios: pioneiros da civilização
A invenção da escrita e os primeiros registros
Para compreender a grandiosidade dos sumérios, precisamos imaginar a paisagem que eles transformaram. Antes de sua chegada à região sul da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, as margens desses rios eram habitadas por pequenos grupos que cultivavam a terra de forma simples. Porém, aos poucos, esses grupos começaram a se organizar de maneira mais complexa, formando aldeias que se tornavam cada vez maiores. Foi nesse ambiente de crescimento urbano, de desenvolvimento agrícola e de necessidade de organização coletiva que surgiu uma das maiores conquistas da história humana: a escrita.
Os sumérios foram os primeiros a criar um sistema de escrita capaz de registrar de forma permanente aquilo que antes dependia apenas da memória e da tradição oral. Eles perceberam que, à medida que as cidades cresciam, era preciso controlar muitas informações ao mesmo tempo. Era necessário registrar colheitas, guardar dados sobre a irrigação dos campos, anotar tributos recebidos, acompanhar trocas comerciais, controlar estoques de grãos e organizar tarefas realizadas pelos trabalhadores. Tudo isso exigia um método confiável que não fosse esquecido com o tempo. Assim nasceu a escrita suméria.
Essa escrita não surgiu pronta de um dia para o outro. Seus primeiros sinais eram desenhos muito simples, chamados pictogramas, que representavam objetos do cotidiano. Se alguém queria registrar um jarro de óleo, fazia o desenho de um jarro. Se precisava anotar quantos animais foram entregues ao templo, desenhava pequenas figuras que representavam esses animais. Com o tempo, no entanto, esses desenhos passaram a ser substituídos por marcas mais abstratas, que se tornaram cada vez mais rápidas e práticas de serem feitas. As tabuletas de argila eram o material escolhido porque a argila era abundante, barata e fácil de moldar. Enquanto a argila ainda estava úmida, um estilete era pressionado sobre sua superfície, criando sinais compostos de pequenos traços que formavam padrões específicos.
Esse processo de pressão do estilete na argila produzia marcas em forma de pequenas cunhas, o que deu origem ao nome desse tipo de escrita, chamada de escrita cuneiforme. E embora esse termo seja muito usado até hoje, o sistema nasceu exatamente entre os sumérios, que foram os primeiros a aperfeiçoá lo e a utilizá lo de modo sistemático.
Os primeiros registros escritos encontrados pelos arqueólogos mostram que a escrita suméria tinha, no início, uma função muito prática. As tabuletas mais antigas contêm listas de produtos, quantidades de grãos, registros de impostos, anotações sobre distribuição de alimentos e informações sobre transações comerciais. Isso mostra que os sumérios enxergavam a escrita como uma ferramenta administrativa essencial para o funcionamento da cidade. Sem ela, controlar a economia e organizar a vida urbana seria quase impossível.
Mas a escrita suméria não demorou a se expandir além dessas funções básicas. À medida que os símbolos evoluíam e se tornavam mais variados, eles passaram a representar também sons e ideias abstratas. Isso fez com que a escrita pudesse ser utilizada para registrar histórias, mitos, orações e narrativas mais longas. Uma vez dominada, a escrita permitiu que tradições religiosas fossem preservadas, que conhecimentos científicos fossem compartilhados e que a memória das cidades fosse mantida viva por séculos.
Os sumérios também criaram escolas especializadas para formar escribas, os profissionais responsáveis por escrever, ler e interpretar os registros. Ser escriba era uma posição muito respeitada. Os jovens que seguiam esse caminho passavam por longos anos de prática, repetindo símbolos milhares de vezes até dominar completamente a técnica. Esses escribas eram fundamentais não apenas para a administração política, mas também para a preservação cultural e religiosa da sociedade. Graças a eles, poemas, hinos, listas de reis, cálculos matemáticos e observações astronômicas puderam atravessar gerações.
E quando pensamos na importância da escrita suméria, não podemos esquecer que ela abriu portas para diversas outras áreas do conhecimento. Ela permitiu, por exemplo, que leis fossem registradas e divulgadas, garantindo que todos conhecessem as regras da cidade. Permitindo que cálculos fossem anotados, ela ajudou no avanço da matemática. Ao possibilitar o registro de fenômenos celestes, contribuiu para os primeiros passos da astronomia organizada. E ao registrar rituais, mitos e orações, ajudou a fortalecer práticas religiosas que estruturavam a vida das comunidades.
Hoje, arqueólogos encontram milhares de tabuletas sumérias que nos revelam como essas pessoas viviam, o que comiam, como trabalhavam, como faziam comércio e como entendiam o mundo ao seu redor. Em muitos casos, essas tabuletas são tão detalhadas que podemos reconstruir rotinas inteiras. É possível ler registros sobre contratos de compra e venda, casamentos, acordos entre comerciantes, dívidas pagas, obras públicas realizadas e até conflitos resolvidos com a mediação dos templos. Sem a escrita, tudo isso teria se perdido no tempo.
Os sumérios, ao inventarem a escrita, transformaram para sempre a condição humana. Eles criaram um meio de comunicação capaz de atravessar gerações, permitindo que conhecimentos, experiências e tradições fossem preservados. Criaram a base sobre a qual inúmeras civilizações futuras se apoiaram. E graças a essa invenção monumental, conseguimos hoje conhecer suas histórias, suas cidades, seus deuses e sua visão de mundo.
Organização política das cidades-estado sumérias
Para compreender o funcionamento político das cidades estado sumérias, precisamos imaginar um cenário completamente novo na história humana. Até aquele momento, as comunidades eram essencialmente aldeias, formadas por famílias ou pequenos grupos que trabalhavam juntos de maneira simples. Os sumérios, entretanto, construíram algo diferente de tudo que existia antes: cidades organizadas, cheias de atividades simultâneas, com responsabilidades compartilhadas entre muitos grupos, com líderes definidos e com uma estrutura que mantinha tudo funcionando.
A cidade estado era, como o próprio nome indica, uma cidade que funcionava como um Estado independente. Cada uma delas tinha governo próprio, deuses protetores específicos, leis, administração e exército. Isso significa que não existia naquele período uma grande nação unificada, mas sim várias cidades que conviviam, disputavam espaço, faziam alianças e, em alguns casos, entravam em conflito umas com as outras.
Entre as cidades mais importantes estavam Ur, Uruk, Lagash, Nippur e Eridu. Cada uma delas possuía uma identidade muito particular, quase como se fossem pequenos mundos dentro de um território maior. Suas populações variavam bastante, mas algumas delas chegaram a reunir dezenas de milhares de habitantes, o que para aquela época representava um nível de concentração urbana impressionante.
A organização política girava em torno de duas figuras centrais: o líder secular, responsável pelas questões administrativas, militares e econômicas, e o líder religioso, que desempenhava um papel fundamental dentro da sociedade. No início, a autoridade maior frequentemente era atribuída aos sacerdotes, que administravam os templos e organizavam as atividades ligadas à agricultura, ao armazenamento de alimentos e ao culto aos deuses. Esse tipo de governo baseado na liderança dos templos é chamado de governo teocrático.
Os templos tinham grande poder porque eram vistos como a morada dos deuses. Como se acreditava que cada cidade era protegida por uma divindade específica, era responsabilidade do templo garantir que os deuses estivessem satisfeitos. Os sacerdotes cuidavam das oferendas, dos rituais, das festas religiosas e também da organização das terras pertencentes ao templo, que eram muito amplas. Eles supervisionavam trabalhadores, controlavam estoques, administravam o trabalho de irrigação e coordenavam a distribuição de recursos.
Com o passar do tempo, no entanto, algumas cidades passaram por transformações profundas. Conflitos e invasões tornaram necessário que surgisse uma liderança mais diretamente envolvida com a guerra e com a proteção da população. Assim, surgiram os chefes militares, que mais tarde se tornaram reis. Esses reis, chamados de lugal, palavra que significa homem grande, assumiram o poder político e militar, embora a autoridade religiosa continuasse importante.
O rei era o responsável por organizar o exército, comandar soldados, defender a cidade contra ataques e garantir a ordem interna. Além disso, cuidava da construção de muralhas, da escavação de canais de irrigação, da manutenção das estradas e do controle das rotas comerciais. Seu trabalho envolvia tanto força militar quanto capacidade administrativa.
Mesmo com a ascensão dos reis, a vida política suméria permanecia profundamente ligada à religião. Acreditava se que o rei governava com a aprovação da divindade protetora da cidade. Por isso, cerimoniais de coroação, orações públicas e rituais de agradecimento eram essenciais para confirmar a autoridade do governante. O rei, de certa forma, era visto como mediador entre os deuses e o povo.
A sociedade suméria também possuía conselhos formados por anciãos e representantes de famílias importantes. Esses conselhos participavam de decisões que envolviam negociações entre cidades estado, resolução de conflitos e assuntos administrativos mais complexos. Embora o rei fosse a autoridade de maior destaque, esses conselhos garantiam que diferentes setores da sociedade fossem ouvidos.
Outro aspecto fundamental da política suméria era o controle das águas. Como os rios Tigre e Eufrates eram imprevisíveis e podiam inundar ou secar em épocas inadequadas, era necessário organizar um sistema eficiente de irrigação. Construção de canais, represas e barragens exigia grande coordenação, e apenas um governo centralizado conseguia gerenciar tantas obras ao mesmo tempo. Isso mostra como a própria natureza influenciou a organização política da região.
As cidades também possuíam guardas e soldados treinados. Esses grupos não atuavam apenas na guerra, mas também protegiam caravanas, mantinham a ordem dentro das muralhas e garantiam que tributos fossem coletados de maneira correta. A estabilidade política dependia diretamente da força e disciplina dessas tropas.
Os sumérios também produziram códigos legais, algumas das primeiras tentativas da humanidade de registrar leis que regulassem comportamentos. Esses códigos tratavam de comércio, propriedade, punições, casamento, herança, salários e condutas sociais. A existência de leis escritas reduzia disputas, favorecia a organização urbana e permitia que as cidades funcionassem com menos conflitos internos. Essas regras eram aplicadas por juízes que analisavam cada caso de acordo com a situação e com as normas estabelecidas.
A organização política das cidades estado sumérias, portanto, era extremamente complexa para a época e representou um grande avanço na forma como as comunidades humanas se estruturavam. Eram sociedades que combinavam administração prática, força militar, profunda religiosidade e elaboração de leis. Essa combinação permitiu que as cidades crescessem, se fortalecessem e se tornassem centros vibrantes de vida econômica, cultural e espiritual.
Desenvolvimento da matemática, astronomia e arquitetura
Para compreender a grandeza dos sumérios, é essencial olhar para além de suas cidades, suas guerras e sua política. O que realmente fez esse povo se destacar foi a capacidade de transformar observações da natureza em conhecimento organizado. Eles foram alguns dos primeiros seres humanos a perceber que entender o mundo ao redor era tão importante quanto dominar ferramentas ou construir muralhas. Por essa razão, os sumérios se dedicaram intensamente ao estudo da matemática, da astronomia e da arquitetura, criando bases que influenciariam todo o desenvolvimento humano que veio depois deles.
Comecemos pela matemática. É difícil imaginar uma sociedade complexa sem algum tipo de cálculo, e os sumérios perceberam isso muito cedo. Ao viverem em cidades cada vez maiores, onde o comércio se intensificava e a administração dos recursos se tornava mais exigente, eles precisavam registrar quantidades, organizar trocas, calcular áreas de terras agrícolas, medir estoques e controlar tributos. Para resolver esses desafios, desenvolveram um sistema numérico próprio, baseado na combinação de unidades. Esse sistema não era apenas funcional, mas também muito inteligente, permitindo que cálculos fossem feitos com mais precisão.
A matemática suméria era aplicada em diversas situações. Para medir terras, calcular colheitas, organizar a irrigação e dividir campos entre proprietários, eles criaram tabelas e métodos que permitiam resolver operações de maneira mais rápida. Assim, quando se construíam canais, por exemplo, os trabalhadores conheciam com exatidão o tamanho necessário, a profundidade adequada e a distância entre um ponto e outro. Isso garantia que a água chegasse com eficiência aos campos, sem desperdício ou encharcamento.
Além disso, eles desenvolveram técnicas geométricas simples, mas muito úteis para a época. Sabiam calcular ângulos básicos, reconhecer formas e estimar áreas. Essa habilidade geométrica teve papel essencial na construção de templos, na elaboração de muralhas e na organização de bairros inteiros. A matemática, portanto, não era apenas teórica, mas totalmente prática e indispensável para o funcionamento das cidades.
Agora avancemos para a astronomia. Os sumérios eram grandes observadores do céu. Como viviam em uma região onde a agricultura dependia profundamente das cheias dos rios e do ciclo das estações, eles precisavam entender o movimento dos astros para prever as melhores épocas de plantio e colheita. Sem computadores, telescópios ou instrumentos modernos, eles observavam o céu a olho nu e registravam tudo em tabuletas de argila.
Com o tempo, perceberam padrões na movimentação do Sol, da Lua e das estrelas. Identificaram constelações, marcaram o percurso do Sol ao longo do ano e compreenderam fases lunares. Partindo dessas observações, criaram um calendário que ajudava a organizar atividades cotidianas e religiosas. Esse calendário também orientava os agricultores, indicando o melhor momento para plantar cereais, colher frutas ou preparar o solo para novas semeaduras.
A astronomia suméria não tinha apenas utilidade prática. Ela era também profundamente ligada à religiosidade. Os sumérios acreditavam que os deuses se comunicavam por meio dos sinais celestes. Assim, sacerdotes especializados interpretavam eclipses, fases da Lua e a posição das estrelas como mensagens enviadas pelas divindades. Essa interpretação misturava ciência e espiritualidade, criando um conhecimento que influenciava decisões políticas, agrícolas e religiosas.
Entre os estudos astronômicos mais impressionantes está o entendimento do movimento dos planetas visíveis. Sem instrumentos sofisticados, eles já notavam o deslocamento peculiar desses pontos brilhantes no céu, percebendo que não se comportavam como as estrelas comuns. Esses registros foram fundamentais para civilizações posteriores, que ampliaram esse conhecimento e criaram modelos mais complexos do cosmos.
Agora, chegamos à arquitetura, uma das áreas em que os sumérios mais se destacaram. Construir cidades inteiras exigia muito mais do que força física. Era necessário planejamento, cálculo, conhecimento de materiais, domínio de técnicas e capacidade de organizar grandes grupos de trabalhadores. Os sumérios desenvolveram tudo isso.
A construção mais famosa da arquitetura suméria é o zigurate, uma estrutura monumental em forma de torre composta por vários terraços sobrepostos. Essas construções serviam como centros religiosos e administrativos, marcando o espaço urbano e demonstrando o poder da cidade. Para erguer um zigurate, era preciso calcular o peso das camadas, distribuir bem os tijolos de argila, organizar rampas, planejar escadas e garantir que a estrutura resistisse ao tempo e ao clima. Cada detalhe era pensado com cuidado.
Os tijolos utilizados eram feitos de argila moldada e seca ao sol, o material mais comum da região. Para aumentar a resistência, às vezes esses tijolos eram queimados em fornos. As construções sumérias incluíam paredes reforçadas, arcos simples, portas largas e pátios internos que ventilavam a casa ou o prédio. As cidades tinham ruas planejadas, canais internos e praças onde as pessoas circulavam. Além disso, muralhas gigantes protegiam a população contra ataques externos.
Mas a arquitetura suméria não se limitava a templos e muralhas. As casas eram organizadas em pequenos blocos com pátios centrais, permitindo iluminação natural e circulação de ar. Os mercados eram locais movimentados onde comerciantes montavam tendas e vendedores ofereciam seus produtos. Os armazéns tinham estruturas fortes e ventiladas para preservar grãos e alimentos. Tudo isso mostra que os sumérios tinham profundo conhecimento sobre o uso do espaço e sobre técnicas de construção.
A matemática, a astronomia e a arquitetura, portanto, formavam um conjunto de conhecimentos integrado. A matemática ajudava a calcular medidas para as obras. A astronomia servia para organizar as atividades do dia a dia. A arquitetura aplicava tudo isso para construir cidades planeadas e funcionais. Essa combinação foi essencial para que os sumérios criassem algumas das sociedades mais impressionantes da história antiga.
Aspectos culturais e religiosos
Para compreender verdadeiramente quem foram os sumérios, é preciso olhar para aquilo que moldava suas vidas em um nível mais profundo. Já exploramos suas invenções, suas cidades, seus conhecimentos e suas realizações. Agora entraremos no que dava sentido à existência desse povo: sua cultura e sua religiosidade. Essa parte da história suméria é tão fascinante quanto suas construções monumentais, pois revela como eles pensavam, como organizavam sua vida espiritual e como enxergavam os deuses e o mundo ao redor.
A religiosidade dos sumérios era politeísta, ou seja, eles acreditavam em vários deuses, e cada um desses deuses tinha funções específicas. Essa crença surgia da necessidade de dar explicações para os fenômenos da natureza e para os acontecimentos do cotidiano. Assim, eles imaginavam divindades ligadas à água, ao céu, ao clima, às colheitas, à fertilidade do solo e à proteção das cidades.
Entre os deuses mais importantes estavam uma deidade que representava o céu, outra que simbolizava a água e mais outra associada à fertilidade e às plantas. Cada cidade acreditava ter um deus principal, considerado protetor daquele lugar. Essa divindade era vista como a verdadeira dona da cidade, sendo o governante humano apenas uma espécie de administrador escolhido pelos deuses para cuidar do povo. Isso explicava a importância do rei, que não era visto como um deus, mas como alguém que recebia autoridade diretamente do plano divino.
Os templos tinham enorme destaque na vida suméria. Não eram apenas espaços religiosos, mas centros administrativos, locais de produção de alimentos, armazéns e espaços onde se tomavam decisões importantes. Sacerdotes treinados atuavam nesses templos, interpretando sinais, organizando festividades e cuidando da relação entre o povo e as divindades. Muitos desses sacerdotes também eram escribas e estudiosos, o que mostra como religião, política e conhecimento estavam profundamente conectados.
Os rituais sumérios eram elaborados. Havia cerimônias para pedir boas colheitas, para agradecer pelo alimento, para celebrar a mudança das estações e para pedir proteção contra doenças ou desastres. Os sumérios acreditavam que os deuses observavam constantemente o comportamento humano, e que manter boas relações com essas divindades era essencial para garantir a prosperidade da cidade. Assim, oferendas de alimentos, bebidas e objetos eram oferecidas nos templos, e práticas de purificação eram realizadas em datas especiais.
Outro ponto fundamental da cultura suméria eram os mitos, histórias que explicavam a origem do mundo, o papel dos seres humanos e as relações entre os deuses. Esses mitos eram transmitidos oralmente e, com o tempo, passaram a ser registrados em tabuletas de argila. Esses textos nos ajudam a entender como pensavam os sumérios e como enxergavam seu lugar na Terra.
Um dos mitos mais conhecidos narra a criação dos seres humanos. Segundo essa história, os humanos teriam sido feitos para auxiliar os deuses em tarefas pesadas, como cuidar da irrigação e trabalhar na agricultura. Em troca, os deuses garantiriam proteção e prosperidade. Essa visão reforça a ideia de que o trabalho tinha enorme importância na vida suméria, sendo visto como uma obrigação espiritual e social.
Outro exemplo presente na cultura suméria é o famoso poema que conta as aventuras de um rei que enfrentou criaturas, visitou terras misteriosas e buscou respostas sobre a vida e a morte. Esses textos, além de entreterem, serviam para ensinar valores, mostrar comportamentos esperados e refletir sobre questões humanas universais, como amizade, justiça e coragem.
A arte suméria também expressava religiosidade e cultura. Muitas esculturas representavam deuses, sacerdotes ou figuras protetoras. Outras retratavam cenas do cotidiano, mostrando agricultores, artesãos, guerreiros e comerciantes. Esses objetos eram feitos de pedra, metal ou argila e variavam desde peças pequenas até obras de grande porte. A atenção aos detalhes mostra o cuidado artístico desse povo e a importância que davam a registrar sua visão de mundo.
As vestimentas sumérias também faziam parte de sua cultura. Homens e mulheres usavam tecidos feitos de lã e linho. As roupas variavam conforme a função social. Líderes e sacerdotes vestiam peças mais elaboradas, muitas vezes decoradas com franjas. O uso de adornos, como pulseiras, colares e tiaras, demonstrava status, crença ou participação em rituais. Esses adornos eram feitos de metais, pedras polidas, conchas e até materiais trazidos de regiões distantes.
A música desempenhava um papel significativo na vida cultural. Harpas, flautas e tambores eram utilizados em festividades religiosas e em celebrações públicas. A música marcava o ritmo de procissões, acompanhava festas e reforçava a conexão entre o povo e os deuses. Os sumérios viam a música como uma linguagem espiritual, capaz de agradar divindades e reunir a comunidade.
Outro elemento marcante era a escrita cuneiforme, que já estudamos em mais detalhes no tópico anterior, mas que merece nova menção aqui porque também servia como ponte entre cultura, religião e administração. Por meio dela, registravam contratos, atividades comerciais, mitos, histórias de reis, acontecimentos naturais e informações importantes. Graças a esses registros, hoje conhecemos muito sobre seus modos de vida, seus valores e sua organização.
Pinturas e relevos decoravam paredes e portas, representando eventos históricos, cenas agrícolas e cerimônias religiosas. Essas representações não serviam apenas para enfeitar, mas também para contar histórias, ensinar tradições e reforçar a identidade das cidades. A cultura suméria era rica, colorida e profundamente simbólica, valorizando a expressão artística e a memória coletiva.
Por fim, é importante destacar que os sumérios também desenvolveram tradições orais fortes, transmitindo saberes de geração em geração. Mesmo com a escrita, muitas histórias continuavam sendo contadas por anciãos e sacerdotes, preservando conhecimentos que serviam tanto para instruir quanto para entreter. Essas narrativas ajudavam as pessoas a compreender questões importantes, como o comportamento humano, a justiça e o papel de cada indivíduo dentro da comunidade. A cultura e a religião dos sumérios, portanto, eram pilares fundamentais de sua sociedade. Elas organizavam o cotidiano, guiavam decisões políticas, inspiravam obras de arte e fortaleciam laços comunitários. Por meio de suas práticas espirituais, seus mitos e suas expressões culturais, os sumérios construíram uma identidade que influenciou profundamente civilizações posteriores.
