Curso de História para o 6º Ano do Ensino Fundamental
Aula 6.8 – Roma Antiga: das origens à República
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| Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. Curso de história para o 6º ano do ensino fundamental. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato: HTML5, Tamanho: 132,4125 gigabytes (132.412.500 kbytes) ISBN: 978-65-86183-88-7 | Cutter: N828c | CDD-907.1 | CDU-94(075.3) Palavras-chave: História. Ensino Fundamental. Educação Básica. Civilizações Antigas. Idade Média. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Aula 6.8 – Roma Antiga: das origens à República
A história de Roma Antiga, desde suas origens até o fortalecimento da República, é uma das mais fantásticas já vividas por uma civilização humana. Para compreendê-la plenamente, precisamos caminhar desde o nascimento mítico da cidade até a complexa estrutura política que moldou sua expansão. Esta narrativa envolve lendas, guerras, disputas sociais e profundas transformações, que juntas explicam como um pequeno povoado à beira do rio Tibre se tornou uma das mais influentes civilizações da Antiguidade.
A origem de Roma está envolvida em um dos mitos mais conhecidos de toda a história antiga. A de que dois irmãos gêmeos, chamados Rômulo e Remo, nasceram do encontro entre um mortal e uma descendente de deuses. Eles foram abandonados às margens do rio Tibre quando ainda eram bebês, mas foram encontrados por uma loba que os alimentou até que um pastor os recolhesse e os criasse. Ao crescerem, os irmãos decidiram fundar uma cidade no local onde haviam sido salvos. No entanto, discordaram sobre quem governaria essa nova cidade. A disputa terminou tragicamente com a morte de Remo, e Rômulo tornou se o fundador e primeiro governante de Roma. Mesmo sendo apenas um mito, essa história expressa valores que os romanos consideravam essenciais, como coragem, destino e força.
Após sua fundação, Roma passou por um período de monarquia, durante o qual foi governada por uma sucessão de reis. Esses primeiros governantes tinham funções tanto religiosas quanto políticas, já que acumulavam o poder de organizar a sociedade e conduzir rituais. A estrutura do governo era baseada no comando central da figura do rei, que tomava decisões militares e políticas, e na presença de um grupo de anciãos que se reunia para aconselhá-lo. Esses anciãos formavam um conselho que, mais tarde, se tornaria o famoso Senado. A monarquia romana era responsável por organizar o exército, distribuir terras, estabelecer relações com povos vizinhos e aplicar as primeiras leis que regulavam a convivência entre os habitantes. Apesar disso, com o passar do tempo, parte da população começou a questionar a concentração de poder nas mãos dos reis, o que daria origem a mudanças profundas.
A transição da monarquia para a República aconteceu quando os romanos decidiram que nenhum homem poderia concentrar tanto poder a ponto de governar sozinho. Assim, a figura do rei foi abolida e substituída por um modelo de governo no qual o poder era distribuído entre diferentes instituições. O Senado, formado pelos homens mais experientes e influentes da sociedade, passou a desempenhar um papel central na tomada de decisões. Além do Senado, surgiram os cônsules, que eram os magistrados mais importantes da República. Dois cônsules eram eleitos para governar por um ano, comandando o exército, administrando a cidade e garantindo que nenhum deles se tornasse mais poderoso que o outro. A República também contava com outras magistraturas, responsáveis por funções variadas, como administrar finanças, supervisionar obras e julgar causas. Esse sistema permitia que Roma tivesse um governo mais equilibrado, organizado e eficiente.
A sociedade romana era dividida em grupos sociais bem definidos, e essa divisão influenciava diretamente o modo de vida e as oportunidades de cada pessoa. No topo estavam os patrícios, famílias consideradas nobres, descendentes dos primeiros fundadores da cidade. Eles tinham mais poder político, possuíam grandes propriedades e ocupavam os cargos mais importantes da República. Logo abaixo estavam os plebeus, que formavam a maior parte da população. Eram agricultores, artesãos, comerciantes e soldados. Embora fossem essenciais para o funcionamento da cidade, no início tinham poucos direitos políticos. Abaixo dos plebeus estavam os clientes, que eram pessoas que dependiam da proteção de um patrício para sobreviver social e economicamente. Essa relação era baseada em lealdade e obrigações recíprocas. Na base da sociedade estavam os escravos, que não possuíam direitos e eram considerados propriedade de seus donos. Eles podiam trabalhar na agricultura, nas minas, no comércio e até em tarefas domésticas. Com o tempo, porém, alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade ou recebe-la como recompensa por serviços prestados.
O crescimento de Roma foi marcado por constantes guerras e alianças. Os romanos expandiram seu território enfrentando povos vizinhos, como etruscos, latinos e sabinos. A organização militar da cidade era eficiente e disciplinada. Os soldados eram organizados em formações rígidas e treinados para lutar em diferentes situações. A expansão territorial não significava apenas domínio militar. Roma também incorporava práticas, tecnologias e tradições dos povos conquistados, ao mesmo tempo em que estabelecia colônias e alianças para garantir sua influência. As conquistas militares trouxeram riquezas, escravos e novos territórios que ampliaram ainda mais o poder romano. Além disso, a localização estratégica de Roma, próxima ao mar Mediterrâneo, facilitou o contato com diferentes regiões e fortaleceu o comércio.
Apesar da força e da organização, Roma não estava livre de conflitos internos. Um dos mais importantes foi a luta entre patrícios e plebeus por igualdade de direitos. Os plebeus, cansados de não terem acesso aos cargos públicos e de sofrerem com dívidas e injustiças, começaram a pressionar os patrícios por mudanças. Em certos momentos, chegaram até a abandonar a cidade em protesto, deixando Roma sem trabalhadores, soldados e artesãos. Esse tipo de movimento forçou o governo a negociar e conceder direitos, como a criação de uma assembleia própria dos plebeus e a possibilidade de ocuparem alguns cargos importantes. Reformas sociais também foram realizadas para aliviar problemas econômicos e ampliar a participação política. Essas conquistas transformaram Roma em uma sociedade mais equilibrada e permitiram que a República se fortalecesse ao longo dos séculos. Ao longo de todo esse período, Roma passou por inúmeras transformações. O pequeno vilarejo fundado às margens do rio Tibre tornou se uma potência regional, construída sobre a união entre tradição, disciplina militar, organização política e capacidade de adaptação. A história de Roma, desde suas origens lendárias até a consolidação da República, revela como uma sociedade pode evoluir a partir de conflitos internos, alianças externas e busca constante por novas formas de governar e de viver em comunidade.
