
Origem do Ser Humano: Criacionismo versus Evolucionismo (História – Aula 10 – Ensino Médio)
15 de junho de 2025Como fazer referência ao conteúdo:
Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. A construção da história e a origem da humanidade. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato HTML5, Tamanho: 96,3 gigabytes (96.300.000 kbytes) ISBN: 978-65-86183-82-5 | Cutter: N834c | CDU – 930.85 Palavras-chave: Pré-história; Evolução humana; Formação das civilizações TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
Tema: A Origem do Ser Humano – Criacionismo versus Evolucionismo
Subtópicos tratados:
- A origem do ser humano nas tradições religiosas
- O criacionismo e a visão do ser humano como criação divina
- A teoria da evolução de Charles Darwin e Alfred Wallace
- O conceito de seleção natural
- A proposta do Design Inteligente
- A convivência de diferentes visões sobre as origens humanas
Olá! Bem-vindo e bem-vinda à nossa aula de hoje. Depois de compreendermos como o universo surgiu, como o planeta Terra se formou e como a vida teve início, agora nos aproximamos de um dos temas mais fascinantes, desafiadores e debatidos da história da humanidade: a origem do próprio ser humano.
A pergunta que guia esta aula é simples e profunda: de onde viemos? Como os seres humanos surgiram? Somos fruto de uma criação divina? Somos resultado da evolução das espécies? Ou será que existe um caminho que une essas duas formas de entender o mundo?
Nesta aula, vamos explorar três grandes formas de interpretar a origem do ser humano. A primeira é o criacionismo, que parte da fé e das tradições religiosas. A segunda é o evolucionismo, que se apoia na ciência e nas descobertas da biologia. E a terceira é o chamado design inteligente, uma tentativa de conciliar os elementos das duas primeiras visões.
Nosso objetivo não é impor uma resposta, mas compreender os argumentos de cada perspectiva, respeitando a diversidade de pensamentos, culturas e crenças. Porque conhecer essas diferentes visões também é aprender sobre a história do pensamento humano.
Vamos começar?
A ORIGEM DO SER HUMANO NAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS: O CRIACIONISMO
Durante milhares de anos, os povos ao redor do mundo buscaram respostas para explicar a existência da Terra, da vida e, principalmente, do ser humano. Essas respostas surgiram na forma de mitos, relatos sagrados e tradições religiosas, que são transmitidas de geração em geração, muitas vezes de maneira oral, e mais tarde, por meio de textos escritos.
Em muitas dessas tradições, o ser humano é descrito como uma criação direta de uma divindade. Essa visão é conhecida como criacionismo. Segundo essa perspectiva, o universo, a Terra e todos os seres vivos, incluindo o ser humano, foram criados por uma força superior, que planejou e executou a existência do mundo com um propósito.
No judaísmo, no cristianismo e no islamismo, por exemplo, encontramos o relato de que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, dando-lhes vida, consciência e a responsabilidade de cuidar da criação. No livro do Gênesis, que é parte da Bíblia e também considerado sagrado em outras religiões abraâmicas, há o relato da criação do mundo em seis dias, culminando na criação do ser humano.
Em outras culturas, como nas civilizações indígenas, africanas e orientais, também encontramos mitos de criação em que os seres humanos surgem a partir de elementos naturais, como o barro, a água, a árvore ou os animais. Em todos esses relatos, há uma ideia comum: a vida humana não é fruto do acaso, mas de um ato criador com sentido e finalidade.
O criacionismo, portanto, é uma explicação baseada na fé, que vê o ser humano como um ser especial, criado por Deus ou por uma entidade superior, dotado de alma, consciência e missão espiritual.
A CIÊNCIA E A TEORIA DA EVOLUÇÃO: CHARLES DARWIN E ALFRED WALLACE
Com o desenvolvimento da ciência moderna, especialmente a partir dos séculos dezoito e dezenove, os estudiosos começaram a observar a natureza de forma mais sistemática. Através de expedições, coletas, observações e análises, passaram a levantar hipóteses sobre a origem e a transformação das espécies.
Foi nesse contexto que dois cientistas, Charles Darwin e Alfred Wallace, formularam uma ideia que transformaria radicalmente a compreensão sobre a vida: a teoria da evolução das espécies por meio da seleção natural.
Segundo essa teoria, os seres vivos não foram criados de forma fixa e imutável. Pelo contrário, eles evoluem ao longo do tempo, adaptando-se ao ambiente, mudando suas características e dando origem a novas espécies.
A base dessa teoria está na variação natural entre os indivíduos de uma mesma espécie. Alguns nascem com características ligeiramente diferentes dos outros — um bico mais comprido, uma pele mais resistente, uma cor mais camuflada. Quando o ambiente muda, essas variações podem fazer a diferença entre sobreviver e desaparecer.
Aqueles que têm características mais favoráveis tendem a viver mais e deixar mais descendentes. Com o tempo, essas características vantajosas se espalham na população, e a espécie vai mudando, se transformando, evoluindo.
Esse processo, chamado de seleção natural, é lento, contínuo e guiado pela interação entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. Foi assim, segundo Darwin e Wallace, que os primeiros organismos simples deram origem a seres cada vez mais complexos, até que, milhões de anos depois, surgiram os primatas, os hominídeos e, finalmente, os seres humanos.
Essa explicação é sustentada por uma ampla variedade de evidências: fósseis, estudos genéticos, embriologia, anatomia comparada e observações em tempo real de adaptações em espécies vivas. Ela é aceita pela comunidade científica como a melhor teoria disponível até hoje para explicar a diversidade da vida.
DESIGN INTELIGENTE: UMA PONTE ENTRE A FÉ E A CIÊNCIA
Apesar de o criacionismo e o evolucionismo parecerem opostos, ao longo dos anos surgiram tentativas de conciliar fé e ciência. Uma dessas tentativas é o que se conhece como design inteligente.
Essa proposta parte do princípio de que o universo e a vida são complexos demais para terem surgido apenas por acaso. Os defensores do design inteligente argumentam que, embora os mecanismos da evolução possam explicar muitas transformações biológicas, existe um padrão, uma ordem, um propósito que revela a ação de uma mente inteligente por trás do processo evolutivo.
Para essa visão, Deus ou uma inteligência superior não teria criado cada espécie individualmente de forma separada, como no criacionismo literal, mas sim teria orientado ou projetado os caminhos da evolução, permitindo que a vida se desenvolvesse ao longo do tempo dentro de um plano maior.
O design inteligente busca manter o rigor da investigação científica, mas sem excluir a possibilidade da presença de um sentido espiritual na origem da vida. Embora essa proposta seja polêmica entre os cientistas, ela tem sido adotada por muitos que buscam unir a razão com a fé.
CONVIVÊNCIA ENTRE DIFERENTES VISÕES
Diante dessas três formas de compreender a origem do ser humano — o criacionismo, o evolucionismo e o design inteligente — é importante entender que cada uma delas fala com uma parte diferente da nossa experiência.
A ciência busca entender como as coisas aconteceram. Ela observa, testa, analisa e constrói explicações baseadas em evidências. A religião, por outro lado, busca responder por que as coisas existem, qual é o sentido da vida, e o que há além do visível. O design inteligente tenta reunir os dois olhares, sugerindo que talvez o como e o porquê possam caminhar juntos.
Na sociedade em que vivemos, marcada pela diversidade cultural e pelo respeito à liberdade de crença, é fundamental que possamos conhecer, dialogar e respeitar essas diferentes formas de ver o mundo. Nenhuma explicação deve ser imposta, mas todas devem ser estudadas com seriedade, para que possamos formar nossa própria compreensão, com base no conhecimento, na reflexão e no respeito ao outro.
CONCLUSÃO
A origem do ser humano é uma questão que ultrapassa os limites da ciência, da religião ou da filosofia. Ela toca o mistério da nossa existência, a nossa busca por sentido, a nossa necessidade de compreender quem somos e qual é o nosso lugar no universo.
Seja por meio da fé, da razão ou da união entre ambas, o que importa é que seguimos buscando, questionando e aprendendo. E é justamente essa capacidade de pensar, imaginar e se emocionar diante do desconhecido que nos torna humanos.
Na próxima aula, vamos deixar o campo das ideias e voltar ao campo da matéria. Entraremos, de forma mais direta, na história da humanidade, começando pela pergunta essencial: o que é História, e como a humanidade é estudada? Eu te espero lá. Até a próxima!