
A Divisão do Tempo Histórico: Eras da Humanidade e Novas Abordagens Historiográficas (História – Aula 12 – Ensino Médio)
15 de junho de 2025Como fazer referência ao conteúdo:
Dados de Catalogação na Publicação: NORAT, Markus Samuel Leite. A construção da história e a origem da humanidade. João Pessoa: Editora Norat, 2025. Livro Digital, Formato HTML5, Tamanho: 96,3 gigabytes (96.300.000 kbytes) ISBN: 978-65-86183-82-5 | Cutter: N834c | CDU – 930.85 Palavras-chave: Pré-história; Evolução humana; Formação das civilizações TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É proibida a cópia total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou qualquer meio. A violação dos direitos autorais é crime tipificado na Lei n. 9.610/98 e artigo 184 do Código Penal. |
A Divisão do Tempo Histórico: Eras da Humanidade e Novas abordagens historiográficas
Subtópicos:
- As grandes Eras da Humanidade
- Pré-História e História
- Critérios tradicionais de periodização
- Novas abordagens historiográficas
Olá, tudo bem? Seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda a mais uma aula da nossa jornada pela História da humanidade. Hoje, vamos conversar sobre um tema que pode parecer simples, mas que é absolutamente essencial para organizar e compreender tudo aquilo que estudamos quando olhamos para o passado: a divisão do tempo histórico através das grandes eras da humanidade e as novas abordagens historiográficas.
Entender como o tempo é dividido dentro da História é como organizar uma estante cheia de livros. Imagine uma grande biblioteca onde todos os livros estão misturados, sem ordem nenhuma. Seria muito difícil encontrar uma informação específica, não é mesmo? Com a História acontece algo parecido. Ao longo dos séculos, os estudiosos buscaram maneiras de classificar e organizar os acontecimentos históricos para tornar possível uma leitura mais clara e compreensível da trajetória humana.
Vamos então entender como essa divisão é feita e por que ela é tão importante. Vamos começar:
AS GRANDES ERAS DA HUMANIDADE
Tradicionalmente, a História foi dividida em grandes eras ou períodos. Essa divisão é uma forma didática de organizar os acontecimentos ao longo do tempo. As quatro eras principais são a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.
A Idade Antiga tem início com a invenção da escrita, por volta de três mil e duzentos anos antes de Cristo, e vai até a queda do Império Romano do Ocidente, no ano de quatrocentos e setenta e seis depois de Cristo. É o período em que florescem as grandes civilizações da Antiguidade, como os egípcios, os gregos, os romanos, os persas, os hebreus, os fenícios e muitos outros.
A Idade Média começa com a queda do Império Romano do Ocidente e vai até a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, no ano de mil quatrocentos e cinquenta e três. É o período marcado pela forte presença da Igreja na vida das pessoas, pela estrutura feudal, pelas cruzadas e pelo surgimento das universidades na Europa.
A Idade Moderna se estende da queda de Constantinopla até a Revolução Francesa, em mil setecentos e oitenta e nove. É quando acontecem grandes transformações, como o Renascimento, as Grandes Navegações, o surgimento do capitalismo, a Reforma Protestante e a centralização do poder nas monarquias absolutistas.
Por fim, a Idade Contemporânea começa com a Revolução Francesa e se estende até os dias atuais. É o período das grandes revoluções industriais, da expansão do capitalismo, das guerras mundiais, dos direitos humanos, da globalização e das rápidas mudanças tecnológicas.
PRÉ-HISTÓRIA E HISTÓRIA
Mas antes da Idade Antiga, há um outro período fundamental: a Pré-História. A Pré-História é o nome dado ao longo período da trajetória humana anterior à invenção da escrita. Nessa fase, a humanidade já existia e já produzia cultura, mas não deixava registros escritos. Por isso, o conhecimento sobre a Pré-História depende muito da arqueologia, da paleontologia e da análise de objetos como pinturas rupestres, ferramentas de pedra, ossos, esqueletos e vestígios deixados em cavernas e acampamentos.
A divisão entre Pré-História e História, marcada pela invenção da escrita, é uma convenção que facilita o estudo, mas não significa que as sociedades pré-históricas fossem inferiores ou menos importantes. Pelo contrário. Foi nesse período que ocorreram eventos fundamentais, como a descoberta do fogo, a criação das primeiras ferramentas, o início da agricultura, a domesticação de animais e o surgimento das primeiras aldeias.
A invenção da escrita, embora tenha ocorrido em momentos diferentes para cada povo, tornou possível o registro de leis, rituais, contabilidade, mitos e acontecimentos importantes. Com isso, surgem os primeiros documentos escritos e, portanto, as primeiras fontes diretas da História escrita.
CRITÉRIOS TRADICIONAIS DE PERIODIZAÇÃO
A divisão tradicional da História, como vimos, é baseada em marcos cronológicos e acontecimentos que ocorreram, em sua maioria, na Europa. Por isso, essa divisão é frequentemente chamada de eurocêntrica, ou seja, centrada na experiência histórica europeia.
Esses marcos, como a queda de Roma, a tomada de Constantinopla e a Revolução Francesa, são importantes para a Europa, mas nem sempre refletem os processos históricos de outras regiões do mundo. Enquanto os europeus viviam a Idade Média, por exemplo, outras civilizações estavam em plena ascensão, como o Império Islâmico, os reinos africanos de Mali e Gana, os maias e astecas na América, e as dinastias chinesas no Oriente.
Portanto, embora a periodização tradicional ajude na organização do conteúdo, ela deve ser usada com cuidado e sempre acompanhada de uma visão crítica.
NOVAS ABORDAGENS HISTORIOGRÁFICAS
Nos últimos anos, os historiadores vêm propondo novas formas de dividir o tempo histórico, levando em consideração as especificidades de cada sociedade, cultura e região. A ideia é romper com a visão única da História e reconhecer que existem muitas histórias, com diferentes trajetórias, ritmos e marcos.
Por exemplo, no continente africano, muitos estudiosos preferem dividir a História em períodos ligados à organização política e às formas de produção locais, em vez de seguir os modelos europeus. O mesmo vale para os povos indígenas das Américas, que possuem formas próprias de contar o tempo, baseadas em ciclos da natureza, mitologias e tradições orais.
Além disso, há historiadores que propõem dividir a História a partir de temas, como a História do Trabalho, a História das Mulheres, a História Ambiental, a História das Infâncias, entre outros. Essas novas abordagens enriquecem o campo da História e permitem incluir grupos sociais que antes eram ignorados ou marginalizados.
CONCLUSÃO
Dividir o tempo histórico é uma necessidade para tornar o estudo da História possível. Mas mais do que decorar datas ou nomes de períodos, o mais importante é entender que essas divisões são construções humanas, feitas para organizar o conhecimento. Cada sociedade tem o seu tempo, os seus marcos e as suas memórias. Por isso, cabe a nós ampliar o olhar, respeitar a diversidade das experiências humanas e sempre questionar os modelos prontos que nos são apresentados.
A História não é uma linha reta com começo, meio e fim. Ela é um emaranhado de caminhos, encontros, desvios e recomeços. E compreender isso é o primeiro passo para se tornar um verdadeiro estudante da História.
Na próxima aula, vamos mergulhar no processo de hominização e entender como a nossa espécie se transformou ao longo de milhões de anos até se tornar o ser humano que somos hoje. Até lá, continue observando o mundo com curiosidade, porque a História está em todo lugar.